Se, como mencionei no texto anterior, nunca tive grande vontade de visitar Paris por a considerar demasiado “popular”, bastaram-me os primeiros passos na cidade para todas as dúvidas se desintegrarem. O que senti foi um encantamento imediato, que só cresceu ao longo dos dias que lá passei. A verdade é que não tenho palavras suficientes para descrever o quão maravilhosa (...)
Visitar Paris nunca foi, para mim, um desejo presente. Por um preconceito sem grande fundamento, mas que carrego há muito tempo, sempre que vejo uma grande quantidade de pessoas a seguir um determinado caminho, começo automaticamente a procurar alternativas. Tenho uma espécie de aversão a seguir as massas, embora o faça de muitas formas, muitas vezes sem me aperceber. Com cidades como Paris e Nova Iorque, acontecia exatamente isso. Paris é uma das cidades mais visitadas do mundo, e (...)
De manhã, como de costume, ficamos sempre à espera de alguém. Nesse dia, estavam todos no carro, de cintos postos e prontos para sair, quando a Maria se lembrou de qualquer coisa que tinha de ir buscar ao seu quarto. Longos minutos depois, quando ela entra no carro, diz-lhe o Eduardo: "Maria, já ganhei barba de tanto esperar por ti!"
Hoje trago-vos uma das minhas receitas favoritas dos últimos tempos. O que mais aprecio nela é a sua simplicidade — dificilmente consigo imaginar algo mais fácil e rápido de preparar. Além disso, estas bolachinhas são saborosas e até saudáveis, considerando que o único ingrediente menos inocente é o açúcar mascavado, utilizado em quantidade moderada. Espero que gostem tanto como eu. Ingredientes: 400 g de nozes 3 ovos150 g de açúcar mascavadoPreparação:Pré-aqueçe (...)
Demorei meses a ler Anna Karenina. Não por falta de interesse—pelo contrário. Mas tenho o hábito de ler vários livros ao mesmo tempo, e este, com a sua densidade e profundidade, exigia outro tipo de atenção. Não era um livro para ser devorado, mas para ser vivido, absorvido, sentido. Havia páginas que me obrigavam a parar, refletir, voltar atrás e reler um parágrafo que, com uma simplicidade enganadora, desmontava a complexidade da alma humana. Se Tolstói tem um talento (...)
Estávamos os três na cozinha: eu, o Eduardo e a Lara. Tinha acabado de estudar com a Lara sobre a formação de Portugal, quando o Eduardo, curioso como sempre, fez uma pergunta qualquer. Respondi sem pensar muito: — Eduardo, Portugal existe porque D. Afonso Henriques brigou com a mãe. Ele franziu a testa, pensou um pouco e, com toda a seriedade, concluiu: — Então isso quer dizer que foram os dois para o gabinete. Claramente estava a lembrar-se do que acontece na escola quando (...)
Quando era pequena, antes de entrar para a escola primária, tinha uma “ama”, que era, na verdade, uma vizinha que não trabalhava e tomava conta da sua neta, que tinha a mesma idade que eu. Quando me lembrava dela, costumava pensar que não era muito simpática, porque ajudava a neta a ganhar-me em jogos de cartas e, em conversa com outras vizinhas, comentava — mesmo à minha frente — que eu era uma “Maria Rapaz”: muito irrequieta e sempre toda suja de andar a trepar árvores (...)
Ao longo dos meus 43 anos de vida, sempre tive a sorte de nunca me faltar o essencial. Nunca passei dificuldades em termos materiais e, acima de tudo, sempre tive comida na mesa. Contudo, desde pequena, aprendi um valor fundamental: a importância de não desperdiçar alimentos. Creio que isso se deve ao fato de ter sido criada pela minha avó, uma mulher simples e amorosa, que começou a trabalhar ainda criança, durante a ditadura, e que viveu de perto as dificuldades da escassez. (...)
Sobre esta questão, que está a ganhar uma popularidade desmesurada em relação ao interesse público que tem comparado a outras questões, apraz-me opinar um pouco. Sou a antítese de um simpatizante do Chega. Discordo de praticamente tudo na postura do partido. Não me identifico em nada com as pessoas que votam no Chega, embora tenha algumas entre pessoas chegadas e de quem gosto (todos têm aquele tio do amigo e aquele amigo do amigo). Não acho que quem cometa pequenos ou grandes (...)
Eram 10 horas da noite, e estávamos todos cansados e prontos para dormir. Como de costume, a disposição pelas camas era variada. Desta vez, a Lara estava na sua cama, já a dormir após um dia cheio com escola, atividades e karaté. A Maria, na sua cama, ainda acordada. Eu e o Milton estávamos na nossa cama, com o Eduardo, que, aos 6 anos, ainda não adormece sozinho. A certa altura, o Eduardo começou a contar-me que tinha tido uma briga com um menino dois anos mais velho. Disse ele: "El (...)