Com o meu trabalho, há fases em que passo longas horas em aeroportos — por vezes, dias inteiros. Embora adore viajar, uma das coisas que menos aprecio é a comida que se encontra por lá: cara e muitas vezes sem qualidade. Por isso, gosto de me preparar com antecedência e levar comigo alguns snacks caseiros, práticos e saudáveis. Uma das minhas soluções preferidas são estas bolachas de noz, que encontrei algures na Internet, e hoje partilho convosco. São super simples de fazer (...)
Não vamos falar de baratas. Nem de melgas. Elas não cabem neste texto. Falemos de centopeias e outros insetos. Os insetos incomodam-me cada vez menos. Entendo-os como seres vivos que, por acaso, estão a ocupar o mesmo espaço que eu. Não os adoro, tão pouco os odeio. Respeito-os tanto quanto as minhas imperfeições de ser humano o permitem. Por algum acaso da natureza ou, para os crentes, por decisão divina, eu tenho, nos dias que correm, maior poder de decisão que eles.De (...)
Há 20 anos, trabalhei numa loja de roupa no Colombo. Era uma loja de roupa de criança, um pouco mais cara, por isso não atraía demasiadas pessoas. Isso fazia com que passasse por longos períodos sem movimento, de aborrecimento total, que eu tentava colmatar fazendo pequenos riscos verticais num papel a cada meia hora, como via os prisioneiros fazerem nos filmes. Era a minha forma de confirmar que o tempo ia passando, apesar da minha mente sentir que ele tinha congelado naquele (...)
A minha filha de 11 anos sempre demonstrou algumas dificuldades na disciplina de Português. A par do Inglês, é a área onde mais precisa de apoio. Apesar de, felizmente, manter boas notas, sei que por detrás delas existem desafios reais — especialmente na construção de texto, na ortografia e na interpretação de textos que não sejam narrativos ou descritivos. Durante algum tempo, a estratégia que encontrei para a ajudar foi simples, mas eficaz: os ditados. Cada vez que surgia (...)
Como começar a falar do livro Tudo É Rio, da brasileira Carla Madeira? Li o livro em três dias, mas poderia tê-lo lido facilmente em meia dúzia de horas. O livro espantou-me, intrigou-me, e depois puxou-me para dentro daquela realidade de uma forma incontornável. Peguei no livro por acaso. Estava a "fazer zapping" nos livros que tenho no Kobo e parei neste, que já tinha visto aqui e ali pelas redes sociais. Se soubesse dos temas que ali encontraria, não o teria lido. Não teria (...)
Na semana passada, Portugal viveu um apagão de 24 horas. Por aqui – nos Açores – não passámos por essa experiência, porque o nosso fornecimento de eletricidade não é o mesmo do Continente, mas acompanhámos com atenção o que se estava a passar na Península Ibérica. Deu para perceber, pelos relatos nas redes sociais e nos meios de comunicação, que, mais uma vez, os portugueses não estavam preparados para uma crise. Perante o medo de uma catástrofe, entraram em stress e (...)
Lembro-me bem do primeiro livro que me ofereceram: “A Bela Adormecida”. Acho que já não tenho esse livro, mas lembro-me muito bem da sensação que foi tê-lo nas mãos, de como o achava bonito, especial e perfeito. Ter um livro só meu, comprado para mim, que podia ler e reler sempre que me apetecesse, foi uma sensação mesmo especial. Já não me lembro quantos anos tinha quando mo ofereceram — foi um tio de quem gostava muito que mo deu — mas creio que uns 9 anos. Durante (...)
Cá em casa, o Eduardo foi, curiosamente, o que começou a ler mais cedo — apesar de ter sido o que teve menos apoio direto para aprender a ler em casa. Foi na escola que aprendeu, por volta dos 6 anos, e pouco tempo depois já andava com livros debaixo do braço. Começou, claro, por livros pequenos, com frases curtas e vocabulário simples. Mas o que realmente o agarrou à leitura — e continua a agarrar — foi a banda desenhada. Temos vários livros de BD por aqui, mas estas são (...)
Lembro-me bem da sensação de ver partir pessoas boas. Às vezes mudavam de emprego, de cidade, de vida. Outras vezes, era simplesmente o tempo delas de seguir caminho. Pessoas que faziam falta. Que marcavam. Que cuidavam. Chorei algumas despedidas — de professores, colegas, chefes — gente que, com um gesto simples ou uma palavra certa, fazia diferença no meu dia. As pessoas boas reconhecem-se com facilidade: tratam-nos bem mesmo quando nada temos para lhes oferecer. Não fazem (...)
Sinto que o último verão aconteceu há uma eternidade. Já nem me lembro do que é vestir roupa leve ou passar um dia inteiro ao ar livre com céu azul e calor na cara. Este inverno foi longo — não necessariamente em dias, mas em intensidade. Foi cheio de atividades diferentes, emoções fortes e coisas boas. Fizemos umas férias de inverno em Paris, apanhámos granizo , e vivemos momentos tão bons que fizeram parecer que inverno durava para sempre. Mas aqui na ilha em que (...)