Estamos todos preparados para sair de casa, já a chamar o elevador, para levar os miúdos à escola. Como sempre, aguardamos pela Maria. Volto a casa para lhe dizer para se despachar e está ela a pintar as unhas muito depressa. Sai, então, já com as unhas pintadas, mas a precisar que lhe calcemos as sandálias, já que não podia estragar o verniz.
De manhã fomos até ao Centro Comercial, onde a Lara foi ajudar, com os amiguinhos e professores da escola, numa campanha de recolha de alimentos para o Banco Alimentar. Eu, o Milton e os dois mais novos aproveitámos para beber café e comprar ténis para os miúdos (são só os meus que gastam uns ténis por mês?). Antes de irmos buscar a Lara, que estava concentradíssima na sua tarefa de recolha e arrumação de sacos de alimentos das pessoas que iam saindo do supermercado, fomos (...)
Naturalmente, vamos passar aos nossos filhos meia dúzia de valores, que são realmente importantes para nós, e negligenciar outros tantos. A minha filha mais velha, por exemplo, não usa dispositivos eletrónicos quando está com outras pessoas, sabe que deve comer de forma saudável, investe mais tempo a ler do que a ver televisão e nem sabe bem o que são Redes Sociais. Mas, num restaurante, é capaz de se comportar como uma selvagem, comendo de boca aberta e fazendo (...)
O consumismo causa-me uma certa aflição. Não foi sempre assim. Tive os meus momentos de consumidora de roupa e sapatos. Ainda hoje tenho os meus vícios consumistas: caixas de plástico, vídeos do Youtube (daqueles que ensinam alguma coisa, de preferência) e lápis de cor. Tenho lápis de cor para 20 anos, calculo. Mas, por alguma razão, associo sempre o consumismo a uma certa inquietude mental, a um certo desassossego. Em relação às crianças associo o consumismo a uma falta (...)
A meio do verão viajámos os cinco (dois adultos e três crianças de 4, 6 e 8 anos), para um destino de sol, apenas com bagagem de mão, o que implicou algum esforço extra de organização. Poderíamos ter comprado uma bagagem de porão e ter despachado grande parte das nossas coisas nessa bagagem, mas achei que, para além de pouparmos dinheiro, seria mais rápido e mais prático levar toda a bagagem connosco na cabine. Decidimos que cada um dos miúdos levaria a sua própria (...)
Um dos meus traços de personalidade mais marcantes é a constante necessidade de controlo. Sou a pessoa das listas, do plano A, B, C e D e da organização ao ínfimo pormenor. Não sou assim em tudo, claro, mas no que me interessa verdadeiramente. Provavelmente quem me conhece melhor pode considerar-me um pouco caótica, mas garanto que é um caos muito controlado. Mas, ontem, num exercício de alguma loucura, decidi não opinar em relação a nada em relação ao final de dia e (...)
Viajar é uma das coisas que me fazem respirar com o ânimo de uma criança que antecipa uma brincadeira nova. Ainda se lembram como costumava ser? Viajar, para mim, é um dos aspetos maravilhosos de existir. E, nos últimos anos, não o tenho feito com a frequência que gostaria. Primeiro era o medo de viajar com várias crianças pequenas. Uma pessoa começou a ter filhos de dois em dois anos e, quando dei por mim, tinha três crianças pequenas, em fases diferentes de (...)
"Deixas-me louca!" Quantas vezes dizemos isso aos nossos filhos? E, se não dizemos, pensamos, muitas vezes, que estamos à beira da loucura. Às vezes tenho a sensação de que, nos recentes oito anos, a minha vida é uma repetição contínua entre dar comida à boca, limpar rabos, fazer máquinas de roupa, estender, roupa, arrumar roupa, cozinhar, preparar lanches, preparar mochilas, gritar com os miúdos para que parem de se aborrecer e de bater uns nos outros e tentar que a casa (...)
Exatamente um dia antes de começarmos o desfralde do Eduardo, fizemos o nosso primeiro trilho em família. Na verdade, não foi nada planeado. Decidimos ir passar o sábado às Furnas, sem mais planos que isso. Connosco levámos água, sandes, iogurtes, bolachas, fruta, bicicletas para os miúdos e roupa a menos. Chegámos à lagoa das Furnas, tirámos as bicicletas e fomos logo inundados por aquela beleza que nunca nos deixa de fascinar, mesmo depois de termos estado naquele sitio (...)
Com alguma frequência, a Lara faz “presentinhos” para oferecer aos pais. Geralmente é um desenho mas outras coisas também. Esta semana fez uns cestinhos com rolos de papel higiénico para mim e para o pai. Lá dentro colocou um balão azul, uma cápsula de café (café que ela faz questão de fazer para nós), um caderninho feito e decorado por ela e uma esferográfica. Nem eu nem o Milton somos de fazer surpresas. Isto é uma característica da Lara. Que sorte nós temos de ter (...)