De manhã, ao pequeno-almoço. "Meninos, vou juntar aos pequenos- almoços uma banana." Na dúvida se a Maria quereria ou não, pergunto-lhe: "Maria, queres uma banana?" Responde-me a Maria, muito convicta: "Não fui feita para comer bananas."
Estamos todos preparados para sair de casa, já a chamar o elevador, para levar os miúdos à escola. Como sempre, aguardamos pela Maria. Volto a casa para lhe dizer para se despachar e está ela a pintar as unhas muito depressa. Sai, então, já com as unhas pintadas, mas a precisar que lhe calcemos as sandálias, já que não podia estragar o verniz.
A Maria, abrindo a carteira do pai, viu que ele tinha muito poucas moedas. Muito séria, virou-se para ele e disse: "Vocês são pobres!!!!!" "Quero mudar de família."
Vivo numa luta diária contra a ansiedade e contra os gritos. Os meus, principalmente. Por qualquer coisa, até sem me aperceber, começo a falar alto, mesmo que não seja a gritar. Sempre que estou muito feliz ou entusiasmada, também tenho a tendência para elevar o tom de voz. É uma característica minha. Como podem compreender, é desagradável, tanto para mim como para quem está à minha volta. Por isso, todos os dias tento mudar um pouco. Faço yoga, meditação e, sempre que (...)
A Maria quis comemorar os seus 6 anos na escola, numa festa com os amiguinhos da sua turma. Por causa da pandemia e dos confinamentos, a Maria nunca tinha tido uma festa na escola, e ela estava muito animada. E foi muito giro. Não conhecia bem a turma da Maria (também por causa da pandemia que nos manteve, a todos, afastados) e adorei conhecer os seus coleguinhas. São uns miúdos muito amorosos e divertidos. Fartam-se de dançar, de pular e de brincar juntos. São mesmo divertidos. (...)
À mesa, durante o jantar, diz o Milton: “Tenho que ver se estudo um pouco hoje para o teste que vou fazer esta semana.” Comenta a Maria: “Então se calhar também devia estudar. Tenho teste de Covid amanhã.” (Teste à saliva realizado na escola.)
A tampa da nossa sanita partiu-se. Comprámos uma tampa nova. O Milton tentou tirar o assento velho. Não teve sucesso. Usou as ferramentas que tinha e até marteladas aquilo levou. Sucesso nulo. No dia seguinte, trouxe uma ferramenta de um amigo. Novas tentativas. Nada. Horas disto. Nada. Tentei ajudar. O sucesso foi igual. O amigo veio ajudar munido de um arsenal de ferramentas. O nosso amigo não só tirou o tampo antigo, como montou o novo em 15 minutos. À noite, ao jantar, a (...)
Apesar de grande parte das convicções que eu tinha sobre educação terem caído por terra depois de eu ter sido mãe e, automaticamente, bafejada com uma avalanche de realidade, algumas mantiveram-se: - Faço um esforço consciente para ensinar os meus filhos a serem tolerantes e a não se sentirem inferiores ou superiores a ninguém; - Tento que se habituem a comer bem e sem excessos; - Ensino-lhes, sempre que surge uma boa oportunidade, as partes da história do mundo e de (...)
Tinha cortado o cabelo à Maria direito. Sem franja, sem escadeado. Direitinho. Depois, reparei que ela parecia ter uma franja. No meio dos afazeres, não pensei mais nisso. Noutro dia, vejo mechas de cabelo no chão da casa de banho... E reparo que a Maria tem o cabelo ligeiramente escadeado. Prometi-lhe que não ralhava e ela contou-me que tinha andado a cortar o cabelo, com a tesoura de cortar o cabelo que guardamos na gaveta da casa de banho, em dias diferentes. Queria (...)
A Maria está numa fase em que adora clementinas (chama-lhes tangerinas) e pede todos os dias para comer uma. Estávamos na cozinha e ela estava a alinhar algumas "tangerinas" na mesa, junto duma laranja. Supostamente a laranja seria a mãe das "tangerinas". Depois a Maria, desenvolvendo toda uma história na sua cabeça em que as frutas eram as personagens, disse: "Lá vão as tangerinas tangerinar por ali."