Na minha mais recente viagem de avião, fiquei sentada num dos lugares do meio. Tinha um senhor do lado da janela e uma rapariga — acho que francesa, talvez — na coxia. Foi uma viagem de duas horas e pouco, e eu achei que talvez não precisasse de ir à casa de banho durante o voo. Bebi alguma água, nada de especial, e estava mais ou menos confortável… até cerca de meia hora antes do voo terminar. O que é que se passa? Como eu não tinha muita vontade de ir à casa de banho (...)
Vivemos num tempo em que a informação chega até nós de todos os lados, a toda a hora. Notícias, opiniões, teorias, factos, falsidades — tudo se mistura numa torrente difícil de controlar. Nunca tivemos tanto acesso à informação… e, paradoxalmente, nunca foi tão difícil saber em que confiar. Hoje, qualquer pessoa pode publicar conteúdos e fazê-los chegar a um público vasto — seja através das redes sociais, de blogs, de newsletters ou de simples partilhas em grupos de (...)
Como começar a falar do livro Tudo É Rio, da brasileira Carla Madeira? Li o livro em três dias, mas poderia tê-lo lido facilmente em meia dúzia de horas. O livro espantou-me, intrigou-me, e depois puxou-me para dentro daquela realidade de uma forma incontornável. Peguei no livro por acaso. Estava a "fazer zapping" nos livros que tenho no Kobo e parei neste, que já tinha visto aqui e ali pelas redes sociais. Se soubesse dos temas que ali encontraria, não o teria lido. Não teria (...)
Lembro-me bem do primeiro livro que me ofereceram: “A Bela Adormecida”. Acho que já não tenho esse livro, mas lembro-me muito bem da sensação que foi tê-lo nas mãos, de como o achava bonito, especial e perfeito. Ter um livro só meu, comprado para mim, que podia ler e reler sempre que me apetecesse, foi uma sensação mesmo especial. Já não me lembro quantos anos tinha quando mo ofereceram — foi um tio de quem gostava muito que mo deu — mas creio que uns 9 anos. Durante (...)
Lembro-me bem da sensação de ver partir pessoas boas. Às vezes mudavam de emprego, de cidade, de vida. Outras vezes, era simplesmente o tempo delas de seguir caminho. Pessoas que faziam falta. Que marcavam. Que cuidavam. Chorei algumas despedidas — de professores, colegas, chefes — gente que, com um gesto simples ou uma palavra certa, fazia diferença no meu dia. As pessoas boas reconhecem-se com facilidade: tratam-nos bem mesmo quando nada temos para lhes oferecer. Não fazem (...)
Lembro-me bem de ter 5 anos. Lembro-me de ter a cabeça cheia de dúvidas existenciais, questões filosóficas tão grandes e abrangentes que ainda hoje vivem na minha mente. Curiosamente, o Eduardo, agora com 6 anos, parece ser o meu filho que herdou essa veia filosófica da mãe. Entre as suas muitas perguntas de caráter mais prático, como: “Como é que os peixes respiram?” ou “Como é que vou ganhar dinheiro quando for crescido?”, surgem outras como: “Existe um espírito no (...)
No dia 7 de dezembro de 2001, eu fazia 20 anos, e o filme Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain estreava em Portugal. Com 20 anos, passava por uma fase estranha da minha vida. Não lhe chamaria uma adolescência tardia, mas antes uma entrada na idade adulta confusa e vazia de objetivos. Estudava Comunicação Social em Santarém, num curso de que gostava, mas que não me entusiasmava especialmente. Não tinha ninguém especial na minha vida além da minha melhor amiga, que sempre foi (...)
Não fui feita para cozinhar. Por isso, fiz as bolachas na Bimby. Mesmo assim, ficaram muito moles. Usei manteiga demais. Coloquei mais farinha. Coloquei toda a farinha. Talvez agora estivessem demasiado secas. Como não tinha mais farinha para bolos, tive de usar farinha para pizza para ajudar a descolar a massa da mesa e do rolo, e moldar as bolachas. As bolachas moldadas foram para o forno. Passaram 10, 15, 20 minutos e ainda pareciam cruas. Acabei por decidir tirar a primeira (...)
As perguntas filosóficas que o meu filho de 5 anos faz na hora de dormir, e que me fazem sentir como se estivesse a tentar desvendar os mistérios do universo sem ter lido o manual: "Temos um fantasma dentro dos ossos? É o nosso espírito?" ou "O que faz o meu braço mexer?" Respondo eu: "O cérebro." "E o que faz o cérebro fazer isso? Há um homem pequenino no meu cérebro a carregar em botões?"
O Tempo Livre No avião são três horas, ou mais, sem nada de especial para fazer. Dá para ler, escrever, pensar, dormitar... O Minimalismo Automático Na mala, levamos apenas o essencial. No destino, a novidade absorve toda a nossa atenção, e estar no momento presente torna-se uma inevitabilidade, não um esforço. As Pessoas Diferentes que Encontramos no Aeroporto Sempre gostei de lugares repletos de pessoas diversas. Acho bonito observar a diversidade humana. A diferença (...)