No artigo anterior que escrevi para este blogue falei sobre o facto das pessoas utilizarem de uma forma abusiva as espreguiçadeiras à volta da piscina. Hoje gostaria de relatar um episódio que ocorreu nas férias deste ano, e que pode servir para refletir mais um pouco sobre esta questão. Eu e a minha sogra estávamos num hotel, de férias, e apeteceu-nos desfrutar de uma bebida enquanto os miúdos estavam na piscina. Com os copos na mão, fomos procurar um local para nos sentarmos. (...)
Estive de férias com a minha sogra, os meus filhos e o meu namorado e, como acontece, há sempre umas situações caricatas que acontecem nas férias. Uma das coisas que me intriga é a forma como as pessoas se agrupam à volta da piscina ou dos espaços comuns. A forma como as pessoas gerem a sua presença nesses espaços, nomeadamente nas espreguiçadeiras ou outras mesas disponíveis, perto do bar, perto da piscina, perto das zonas de lazer. O ano passado, nas férias que fiz, eu (...)
A primeira vez que entrei numa escola tinha 5 anos. Ia para a primeira classe. Estava um pouco assustada, mas não propriamente aterrada. Lembro-me de ver outros meninos a chorar sem entender porquê. Eu sentia-me apenas apreensiva com o desconhecido. Se soubesse, de verdade, o que aquela escola representaria para mim, talvez o medo tivesse sido maior. Com algumas exceções, as minhas memórias da escola primária não são boas. São bastante sombrias, marcadas por sentimentos de (...)
Há um conjunto muito específico de momentos que guardo na memória com um carinho especial. São instantes em que estive completamente presente, saboreando cada segundo, e que despertaram em mim um interesse profundo e uma satisfação quase única — um misto delicioso de curiosidade e descoberta. Um desses momentos aconteceu numa esplanada qualquer da Universidade de Lisboa, talvez na Faculdade de Letras. Tinha pouco mais de 20 anos e acompanhei a minha prima à universidade, onde (...)
Quando era criança – e até uma jovem de 13 ou 15 anos – era bastante solitária. Sentia-me mesmo muito sozinha. Não aborrecida. Nunca me aborreci verdadeiramente, com a mente caótica e cheia de pensamentos que tenho. Mas não tinha ninguém com quem partilhar esses pensamentos. Foi por isso que comecei a ganhar o hábito de escrever um diário – não tanto sobre o que me acontecia (porque me parecia pouco memorável, nada de especial ou variado), mas sobre o que me passava pela (...)
Na minha mais recente viagem de avião, fiquei sentada num dos lugares do meio. Tinha um senhor do lado da janela e uma rapariga — acho que francesa, talvez — na coxia. Foi uma viagem de duas horas e pouco, e eu achei que talvez não precisasse de ir à casa de banho durante o voo. Bebi alguma água, nada de especial, e estava mais ou menos confortável… até cerca de meia hora antes do voo terminar. O que é que se passa? Como eu não tinha muita vontade de ir à casa de banho (...)
Vivemos num tempo em que a informação chega até nós de todos os lados, a toda a hora. Notícias, opiniões, teorias, factos, falsidades — tudo se mistura numa torrente difícil de controlar. Nunca tivemos tanto acesso à informação… e, paradoxalmente, nunca foi tão difícil saber em que confiar. Hoje, qualquer pessoa pode publicar conteúdos e fazê-los chegar a um público vasto — seja através das redes sociais, de blogs, de newsletters ou de simples partilhas em grupos de (...)
Como começar a falar do livro Tudo É Rio, da brasileira Carla Madeira? Li o livro em três dias, mas poderia tê-lo lido facilmente em meia dúzia de horas. O livro espantou-me, intrigou-me, e depois puxou-me para dentro daquela realidade de uma forma incontornável. Peguei no livro por acaso. Estava a "fazer zapping" nos livros que tenho no Kobo e parei neste, que já tinha visto aqui e ali pelas redes sociais. Se soubesse dos temas que ali encontraria, não o teria lido. Não teria (...)
Lembro-me bem do primeiro livro que me ofereceram: “A Bela Adormecida”. Acho que já não tenho esse livro, mas lembro-me muito bem da sensação que foi tê-lo nas mãos, de como o achava bonito, especial e perfeito. Ter um livro só meu, comprado para mim, que podia ler e reler sempre que me apetecesse, foi uma sensação mesmo especial. Já não me lembro quantos anos tinha quando mo ofereceram — foi um tio de quem gostava muito que mo deu — mas creio que uns 9 anos. Durante (...)
Lembro-me bem da sensação de ver partir pessoas boas. Às vezes mudavam de emprego, de cidade, de vida. Outras vezes, era simplesmente o tempo delas de seguir caminho. Pessoas que faziam falta. Que marcavam. Que cuidavam. Chorei algumas despedidas — de professores, colegas, chefes — gente que, com um gesto simples ou uma palavra certa, fazia diferença no meu dia. As pessoas boas reconhecem-se com facilidade: tratam-nos bem mesmo quando nada temos para lhes oferecer. Não fazem (...)