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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Sex | 11.08.23

5 dicas para famílias numerosas simplificarem as idas à praia e à piscina

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Com cinco elementos não somos uma família gigante, mas já somos uma família considerada numerosa. Seja como for, sempre que vamos à praia, à piscina, fazer um piquenique ou uma caminhada de dia inteiro, sentimo-nos uma família numerosa. 

A preparação de tudo o que é necessário envolve um certo nível de organização, planeamento e descontração, ou corremos o risco de nem sair de casa.

Com o tempo tudo se torna mais automatizado e simples mas, ainda assim, é necessário fazer uma série de coisas, consistentemente.

Partilho convosco cinco dicas que funcionam para mim e para a minha família e que nos ajudam não só a ter alguma agilidade em termos de tempo, como também a manter alguma (pouca) calma na hora de sair de casa.


1- Planeamento e checklist. 
Vários dias antes de fazermos qualquer atividade em família, eu já vou planeando e fazendo listas detalhadas com tudo o que é necessário levar. É algo que gosto muito de fazer e, realmente, não me custa nada. Acho que me divirto tanto a fazer listas como o Milton a jogar Nintendo.

2- Usar fatos de banho de manga comprida Anti-UV para os miúdos.
Estou capaz de comprar uns para mim também. Protegem mais do sol, evitam o uso constante de protetor solar e os miúdos até podem ir já com eles vestidos para a praia. Os meus filhos estão habituados a eles desde pequenos e gostam muito de os usar. São um pouco mais caros do que um fato de banho normal, mas compensa bastante.


3- Usar toalhas de praia muito fininhas, daquelas "desportivas" que secam rápido.
Desde que comprámos as primeiras que não queremos outra coisa. São leves, ocupam pouco espaço, secam rápido e são bastante suaves. Comprei as minhas na Decathlon.

4- Divisão de carga a transportar entre todos os membros da família.
Desde muito cedo que cada um dos miúdos participa no transporte do material necessário para as idas à praia. Não levam necessariamente as suas coisas, mas levam algo que é útil para todos. Normalmente levam as coisas mais leves como as toalhas ou as boias e braçadeiras.

5- Levar pouca comida e comer fora sempre que possível.
Esta é uma dica pouco consensual porque depende muito do orçamento que temos e do local para onde vamos. Com crianças pequenas é sempre necessário ter comida disponível, mas nós optamos por levar o mínimo possível, se existirem locais onde comer na praia para onde vamos. A preparação da comida leva-nos um tempo que preferimos ter disponível para estar na praia e aproveitamos estes dias de passeios para os gastos extra e para as comidas menos usuais por aqui (hambúrguer, cachorros, pizzas). Assim vamos mais leves e temos menos para arrumar no regresso a casa.

Estes são apenas alguns dos procedimentos que funcionam para nós e nos facilitam a vida na hora de ir à praia. E por aí, quais são os vossos truques para se prepararem para um belo dia de verão, na tranquilidade e na eficiência?
    


Ter | 08.08.23

Cultura do cancelamento, a versão atualizada dos apedrejamentos

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Há uns dias, uma influencer que sigo e de quem gosto muito, a Flávia Calina, foi envolvida numa polémica por ter feito "like" em publicações consideradas transfóbicas. Neste momento e depois de outras influencers terem partilhado a situação nas suas redes sociais, começou a crescer a já conhecida reação de "cancelamento" à senhora.

Quem me conhece sabe que sou muito sensível às causas que envolvem a comunidade lgbtqiapn+. A minha empatia por esta comunidade é igual à empatia que sinto por qualquer minoria que, não fazendo mal a ninguém, é vitima de violência, de discriminação e de humilhações cruéis e reveladoras do pior que existe na humanidade.

Por isso, não é com agrado que vejo uma pessoa que admiro a concordar com publicações potencialmente transfóbicas. 

Ainda assim, é com mais desagrado ainda que vejo como as pessoas gostam de se agarrar ao "cancelamento" com uma avidez que equiparo aos apedrejamentos de "pecadores" que existiam há milhares de anos (e, infelizmente, talvez ainda existam).

Entendo que algumas pessoas, desiludidas, tenham o desejo de deixar de seguir alguém que deixaram de admirar. Eu própria o faço e de consciência bastante tranquila. Não vou seguir alguém que defende ideias com as quais não me identifico. Isso é óbvio. Mas pode mesmo uma atitude, talvez não muito refletida, apagar o bom trabalho de anos e anos? E é mesmo necessário desencadear um "tribunal público", partilhando a "falta cometida" e dando palco a comentários negativos, ameaças e todo o tipo de humilhação pública?

Nenhum de nós é perfeito. Acredito que todos já teremos dito ou escrito algo de que não nos orgulhamos. Todos nós já tivemos atitudes menos dignas, atitudes com que não nos identificamos e que não refletem a pessoa que somos.

O que nos define é aquilo que fazemos constantemente e a pessoa que demonstramos ser, com as nossas ações, todos os dias. Entristece-me que um ato menos feliz possa colocar em causa anos e anos de bom trabalho a influenciar positivamente milhares de mães.

Quase todos defendemos a liberdade de expressão. Deixemos que as pessoas se expressem de acordo com as suas convições, mesmo que sejam opostas às nossas. Façamo-lo nós, também, com respeito e empatia.

 A cultura do cancelamento, que leva ao impiedoso "tribunal virtual", à perda de seguidores, de fonte de rendimento e de saúde mental tem de ser revista e repensada por cada um de nós. Façamos um esforço para combater esta nossa vontade de ver gente a arder na praça pública.

Será que todos os que, ávidos por justiça virtual, se levantam para defender as pessoas que, a toda a hora e em todos os contextos, estão ao nosso lado a sofrer, de forma continuada, todo o tipo de abusos, de assédio moral, de humilhações no trabalho e nas escolas? Contra mim falo, também.

Entretanto, a Flávia Calina já se explicou, sublinhou que respeita todas as pessoas e admitiu que não devia ter feito os tais "likes". Continuo a não concordar com ela em relação ao assunto que levou à polémica. Não só nisto como em algumas outras coisas. Continuo, também, a admirá-la pelos mesmos motivos que me levaram a segui-la: o seu método de educação de crianças e muito do conteúdo que ensina aos filhos. Não concordo com tudo, mas concordo com a maior parte.  E mesmo se não concordasse com 20 % do que ela diz, desde que as suas atitudes não colocassem outras pessoas em risco, não iria atacá-la como se não existissem outros e melhores motivos de revolta no mundo.

Façamos, antes, como aconselhava o maior influencer de todos os tempos:

"Quem nunca pecou que atire a primeira pedra"

Sex | 04.08.23

5 coisas que me tornam uma péssima mãe aos olhos dos meus filhos

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- Não lhes mando chocolates para o lanche da escola. Nas festas de anos deles nem há gomas, um aborrecimento. E ainda lhes digo que somos futuristas, que um dia, tal como acontece com o álcool e o tabaco, os alimentos feitos de açúcar puro ainda vão ser proibidos para crianças.

- Não usam tablets e outros dispositivos móveis com regularidade. Usam muito de vez em quando e, quando veem algum menino com um tablet, agem como se estivessem a ver a última maravilha do mundo, como se fossem uns infoexcluídos.

- Dou-lhes grandes secas sobre a lei do karma, a necessidade de cultivar um bom caráter, e o facto de quem bater, roubar ou insultar outras pessoas poder vir a ter problemas sérios com a polícia, em adulto. Eles param de ter maus comportamentos só para não terem que levar secas.

- Obrigo a Lara a levar braçadeiras para os dias de piscina, na escola, e afinal ela já sabe nadar.

- Obrigo a Lara a ir devolver qualquer coisa que ela encontre perdida naquelas "máquinas dispensadoras de bolas, por um euro", para que nunca se lembre de dar pontapés nas máquinas com a esperança de soltar uma ou duas bolas sem pagar.

Uma chatice, portanto.

Qui | 03.08.23

Coisas que faço questão de (tentar) dar aos meus filhos

 

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Ainda antes de ter filhos tinha uma ideia muito romântica da educação. 

Tinha a firme convicção de que educar uma criança era um privilégio e uma responsabilidade enormes. Ainda tenho essa convicção, mas não sabia que ia ser tão difícil e que ia falhar tanto.

Não sabia que a melhor forma de ensinar algo aos meus filhos era através do exemplo e que de pouco valia tentar levá-los a fazer algo que eu própria não conseguisse fazer.

Para educar os meus filhos, tinha que me educar primeiro, para que pudessem ver em mim aquilo que lhes pedia que fizessem. 

É bem difícil.

Então, às vezes, vou pelo caminho mais fácil e em vez de lhes dar grandes sermões, dou-lhes oportunidades:

- Dou-lhes a oportunidade de treinar a resiliência e a negociação, através do confronto entre irmãos que, a toda a hora, estão a disputar alguma coisa. Aproveito para lhes proporcionar o acesso a uma única televisão, obrigando-os a negociar a programação.

- Dou-lhes oportunidade de brincar com mais gosto e vontade diminuindo a quantidade de brinquedos que podiam ter. As opções são poucas, logo, valiosas.

- Dou-lhes oportunidade de ter novas oportunidades, quando troco um "castigo" por um serviço à comunidade. Desde arrumações, limpezas, tomar conta de irmãos mais novos e procurar pares de meias, cá em casa não faltam "serviços" compensatórios de comportamentos menos corretos.

- Dou-lhes a oportunidade de perceberem, desde já, que ser adulto não é ter tudo sob controlo e fazer tudo bem. Coloco-me sempre, numa posição de aprendizagem, ao seu lado. Também eu peço desculpa, também eu preciso de aprender a não gritar, a ser mais arrumada e a acalmar-me. Os meus filhos também me dão abraços, conselhos e  massagens para ficar mais bem disposta.

- Dou-lhes a oportunidade de perceberem o seu valor em relação às outras pessoas: não são inferiores a ninguém, nem superiores a ninguém. E, para mim, serão sempre as pessoas mais especiais e importantes do mundo. 

- Dou-lhes a possibilidade de fingir que ainda acreditam no Pai Natal, na Fada dos Dentes e no Coelho da Páscoa, porque acho querido da parte deles (principalmente da Lara) fingir que ainda acredita neles. 

- Dou-lhes a oportunidade de conviver, tanto quanto possível, com pessoas boas e honestas, verdadeiros exemplos da humanidade que desejo cultivar neles e em mim.

Eu e o pai deles damos-lhes o que podemos, tendo a certeza e a paz de saber que não é suficiente e que vai haver sempre um bom espaço para eles se construirem a si próprios e para construirem o mundo que desejam e que julgam ser melhor.