Fazem uma festa quando o vêm, falam-lhe com vozes "fininhas" e querem pegar-lhe ao colo e brincar com ele a toda a hora.
A Lara já me ajuda a entrete-lo muitas vezes. Fica perto dele e vai falando com ele enquanto eu vou fazendo tarefas em casa (sempre por perto e de olho neles, claro).
Um dia destes a Lara sentou-se ao lado do irmão e começou a ler-lhe uma história (à maneira dela, descrevendo o que via no livro e recitando as partes que já tinha decorado).
Acho a coisa mais fofa do mundo, ver a Lara a "ler" livros ao Eduardo e também à Maria.
É das coisas que mais me enche o coração: ver os meus filhos a cuidarem uns dos outros e a tratarem-se com amor.
Por isso faço questão de pedir à Lara para me ajudar com os irmãos. Sei que não é uma obrigação dela mas o cuidado e a ajuda ao o próximo é algo que quero incutir. E, nada melhor, que lhe dar algumas responsabilidades com os irmãos para fazer crescer valores de altruísmo nas crianças desde cedo.
A Lara já me tem ajudado a vigiar os irmãos, a dar comida à Maria, a calçar a Maria, a ensinar palavras à Maria, a fazer pequenas tarefas em casa, a limpar, a arrumar entre outras coisas que vão surgindo.
Faço questão que cuidem uns dos outros, que cuidem de si e que cuidem de nós, pais, também. Gosto de pensar em nós como uma pequena comunidade onde todos têm importância e um contributo a dar.
É nisto que acredito e só me resta esperar que dê certo.
Sinto-me grata pelos neurónios que, parecendo que não, ainda vão desempenhando o seu papel com uma competência bastante satisfatória. Têm dias... mas estão lá.
Não sei se é da idade (ou se finalmente começo a atingir alguma maturidade emocional), se é por ter pouco tempo e paciência disponíveis para coisas que não interessam, mas tenho notado que cada vez trabalho mais para não me chatear.
É um trabalho muito esforçado da minha parte. Mesmo. Mas é muito gratificante.
Na minha vida quero é alegria e boa disposição. Todos os dias decido que não me vou aborrecer e que não vou andar zangada com nada e com ninguém. Às vezes consigo, outras nem por isso.
Quando se chega a casa e temos um bebé sempre ao colo e duas miúdas pequenas a brigar e a gritar por tudo e por nada ganhamos um "cascão mental" que nos torna imunes a quase todas as chatices do dia a dia. É maravilhoso! :)
De modo que encaro com muita alegria aquilo que sei hoje que são pequenas chatices e que antes me chateavam imenso.
É que não há mesmo pachorra para mais.
Quero mesmo é ouvir mais música, trabalhar com gosto, dedicar o meu tempo à minha família, ler bons livros, estar rodeada de boas pessoas e manter a minha mente desperta e sábia o suficiente para não se ocupar com ninharias.
E, tendo em consideração uma data de coisas que não interessam agora, manter esta resolução implica um trabalho diário e uma vontade de ferro.
Para complementar o estado de "alegrete" gosto de ver e ouvir coisas engraçadas como isto.
Sinto-me grata por viver numa ilha tão bonita e por ver o mar todos os dias. Isto é um autêntico luxo. Nem sempre o admito mas no intimo sei que sou muito privilegiada.
Sinto-me grata por me cruzar todos os dias com pessoas fantásticas que, mesmo sem saberem, ensinam-me imenso e ajudam-me a tornar-me uma pessoa melhor.
Sinto-me grata por todos os livros que li, que estou a ler e que lerei. Os livros são objetos maravilhosos que, claramente, mudam vidas. A minha mudou por causa dos livros. E continuará, certamente, a mudar.