Não fui feita para cozinhar. Por isso, fiz as bolachas na Bimby. Mesmo assim, ficaram muito moles. Usei manteiga demais. Coloquei mais farinha. Coloquei toda a farinha. Talvez agora estivessem demasiado secas. Como não tinha mais farinha para bolos, tive de usar farinha para pizza para ajudar a descolar a massa da mesa e do rolo, e moldar as bolachas. As bolachas moldadas foram para o forno. Passaram 10, 15, 20 minutos e ainda pareciam cruas. Acabei por decidir tirar a primeira (...)
Durante a minha infância, que decorreu numa pequena vila do interior do Ribatejo, ir à praia era um acontecimento que desencadeava fortes emoções. Acordávamos de madrugada e, ainda de noite, saímos de carro com um grande e robusto chapéu de pano cor-de-magenta para proteger do sol, uma tenda verde também de pano para fazer uma barraca, colocada à volta do chapéu, uma geleira e um saco cheio de toalhas de banho com cerca de 10 anos. Lembro-me até do padrão da maior parte das (...)
As perguntas filosóficas que o meu filho de 5 anos faz na hora de dormir, e que me fazem sentir como se estivesse a tentar desvendar os mistérios do universo sem ter lido o manual: "Temos um fantasma dentro dos ossos? É o nosso espírito?" ou "O que faz o meu braço mexer?" Respondo eu: "O cérebro." "E o que faz o cérebro fazer isso? Há um homem pequenino no meu cérebro a carregar em botões?"
Uma das decisões mais transformadoras que tomei nos últimos meses foi a de voltar a ler. Sinto que renasci. Ler é verdadeiramente uma daquelas atividades essenciais para manter a minha saúde mental e bem-estar. É uma forma de me conectar com a realidade, apesar de esta ideia poder parecer contraditória. Às vezes, sinto-me tão absorvida pelas inúmeras obrigações quotidianas que me sinto em piloto automático, passando pelos dias com pressa, como se estivesse a viajar num (...)
O Tempo Livre No avião são três horas, ou mais, sem nada de especial para fazer. Dá para ler, escrever, pensar, dormitar... O Minimalismo Automático Na mala, levamos apenas o essencial. No destino, a novidade absorve toda a nossa atenção, e estar no momento presente torna-se uma inevitabilidade, não um esforço. As Pessoas Diferentes que Encontramos no Aeroporto Sempre gostei de lugares repletos de pessoas diversas. Acho bonito observar a diversidade humana. A diferença (...)
Confesso, desde já, que se o mundo se dividisse entre os éticos e os moralistas, eu correria para o grupo da Ética, virando as costas, com alegria, à Moral. Com isto, não quero dizer que sou uma pessoa extremamente ética e imoral. Claramente, não é assim. Na verdade, o comportamento ético é uma procura constante na minha vida, algo que quero ser, algo que quero, a cada dia, mostrar aos meus filhos, mas que, infelizmente, nem sempre é um caminho fácil e solarengo para percorrer. Cre (...)
Uma das coisas que mais apreciava em Lisboa era o conforto que sentia entre desconhecidos. Sabem aquela expressão que se usa para descrever um sentimento de tristeza profunda que é estar só no meio de uma grande família ou de muitos conhecidos? Em Lisboa, eu sentia o oposto disso. Sentia-me muito confortável entre desconhecidos. Sentia isso ao percorrer a Avenida São Jorge Sozinha, ao ir ao cinema, ao passar a noite no apartamento que dividia com raparigas de quem nem me lembro o nome. Nin (...)
Falava-se de alguém que estaria a fazer terapia com um psicólogo, sem grande sucesso tendo em consideração os seus comportamentos agressivos e desprovidos de razão, quando alguém disse: "Uma sessão de terapia não é uma sessão de exorcismo."
Uma das minhas recordações mais queridas dos clubes de vídeo é a de assistir, sozinha, a filmes recém-lançados que uma amiga que trabalhava num clube de vídeo me emprestava (sem ter de pagar). Foi assim que conheci alguns dos meus filmes preferidos de todos os tempos. Às vezes a minha amiga, que era e é cinéfila, recomendava-me filmes que eram sempre muito bons. Mas, as memórias mais especiais que tenho de clubes de vídeo, são de Lisboa, quando comecei a morar sozinha e (...)
Por vezes, tentamos proporcionar às pessoas que mais amamos aquilo que gostaríamos de ter tido. Não é um raciocínio muito correto, pois nem sempre as pessoas precisam ou querem o mesmo que nós. Ainda assim, e apesar de ter esta ideia na consciência, dou aos meus filhos aquilo que a criança que fui mais desejava: livros, aulas de artes e desporto, experiências diferentes e irmãos. Não lhes compro muitos brinquedos ou coisas em geral e, muito menos, tudo o que me pedem. Na (...)