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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Ter | 26.12.17

Coisas que quero ensinar às minhas filhas e uma receita de bolachinhas deliciosas

Sempre tive uma ideia muito romântica sobre esta coisa de educar um ser humano. 

Achava fantástica esta oportunidade de incutir valores e formas de estar a uma pessoa em formação. Nunca tive ideias românticas sobre a gravidez, a amamentação, os abraços dos filhos, as vezes em que nos dizem espontaneamente que gostam de nós. Claro que passei a amar estas coisas (como não o fazer?) mas antes de as conhecer não pensava nelas. Mas na educação sim.

Se calhar (muito provavelmente) seria o meu lado controlador e manipulador a falar mais alto na minha mente quando me dizia que seria maravilhoso poder educar pessoas desde o inicio e tentar contribuir para que fossem aquilo que considero o mais próximo possível do "ser humano perfeito".


Claro que, agora que sou mãe, dá-me alguma vontade de rir dos meus pensamentos antigos. Principalmente depois de conhecer os desafios da maternidade que vão muito além da educação. Depois de saber que isto não é nada fácil e que, muitas vezes, a luta maior é por não perder de todo a sanidade mental.

Mas a paixão pela educação, apesar de, e até por causa dos enormes desafios que apresenta, cresceu muito. Todavia mudou um bocadinho de essência.

Afinal não quero criar seres humanos perfeitos, quero criar seres humanos felizes. E honestos, altruístas, engraçados, alegres e conscientes. Mas a capacidade de serem felizes e de conhecerem a verdadeira natureza da felicidade é o que mais quero ensinar às minhas filhas.

Para isso vou ter que aprender primeiro, tal como se aprende uma matéria escolar que vamos estudar com os filhos já crescidos. Vou ter que conhecer a verdadeira natureza da felicidade e ser, eu própria, uma pessoa feliz tal como consigo conceber a noção de felicidade. E esta capacidade e vontade de crescer com os filhos é uma das coisas mais maravilhosas da maternidade.

Isto tudo para vos dizer que, nestas tentativas de ensinar qualquer coisa às minhas filhas que as possa tornar pessoas mais felizes, vou usando algumas técnicas intuitivas.

Por exemplo em relação aos presentes de Natal (ou de aniversário) tento mostrar às minhas filhas a alegria que é oferecer alguma coisa a alguém de que gostamos muito. Quero muito que elas tenham capacidade de doar, de serem generosas e de retirarem prazer do facto de proporcionarem alegria ao próximo.

Então o que faço é conversar com a Lara (que com 3 anos e meio já pode entender estas coisas) e perguntar se não gostaria de oferecer uma prendinha à Maria no Natal. Explico-lhe que seria um gesto bonito pensar numa coisa que deixasse a mana Feliz e ir comprá-la e oferecer-lhe. Depois a Lara retira algumas moedas do seu mealheiro (as que ela achar adequadas, cabe-lhe dicidir isso) e ela própria escolhe um presente numa loja a que vamos as duas ou com o pai. O que sobrar volta para o mealheiro.

Depois arranjo uma prendinha da Maria para a Lara (mas para o ano a Maria já vai tirar do seu mealheiro).

E assim vamos fazendo todos os anos na esperança de incutir nas miúdas o gosto de usarem o seu próprio dinheiro para oferecer algo a outra pessoa. 

Também fazemos prendas com elas para lhes ensinar que, por vezes, o melhor que podemos dar a alguém não se compra com dinheiro mas que se consegue com trabalho, carinho e dedicação. Com este pensamento em mente fizemos bolachinhas para oferecer às educadoras e auxiliares da escolinha delas, com cartões desenhados pela Lara e pela Maria. A Maria foi fazendo uns desenhos como pode e a Lara já fez os desenhos da forma que entendeu, personalizados para cada uma das suas educadoras.

Se isto vai resultar ou não, desconheço. Neste momento faz-me sentido fazer as coisas assim. A Lara acolhe estas atividades com alegria e entusiasmo e parece perceber do que se trata.

Apesar de existirem muitas brigas com a irmã por causa dos brinquedos e uma tentativa de esconder alguns, acredito que a Lara é generosa à sua maneira. Nas lojas nunca nos pede nada para ela mas se vamos comprar uma prenda para um amiguinho, farta-se de ver tudo e quer sempre trazer uma data de coisas para o seu amigo.

Espero muito que estejamos a fazer as coisas bem. Se a determinada altura sentir que o caminho não é este, havemos de optar por outro. O mais importante para nós é perceber se as miúdas estão confortáveis e felizes com estes gestos. Quando assim não for, faremos outras coisas que lhes façam mais sentido, mantendo sempre a intenção de cultivar a generosidade, o altruísmo, a gratidão e a partilha.

Estas foram as bolachinhas que fizemos para oferecer às educadoras e auxiliares da escola das miúdas. Foram acompanhadas de uma mensagem de carinho e gratidão e de um desenho.
Podem encontrar a receita aqui.

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