Sobre a barriga da Carolina Patrocínio
A Carolina Patrocínio é uma apresentadora de televisão portuguesa que, atualmente, deve ser mais conhecida pelas suas barrigas de grávida do que por outro motivo qualquer.
Não sei muito sobre ela, não acompanho o trabalho dela, mas é muito difícil fugir a toda a polémica instalada à volta do seu estilo de vida e ao facto de praticar exercício físico na gravidez de uma forma que a maioria das mulheres parece considerar desadequada.
O que me chama a atenção nisto tudo (que nem percebo porque é que é notícia tantas vezes) é a forma como mulheres adultas (e mães) reagem às fotos da Carolina nas Redes Sociais.
Por mais que tenha assistido à prática de cyberbullying nunca me consigo habituar a isso.
Mas o que é que leva uma pessoa adulta a ofender de uma forma verbalmente muito agressiva alguém que nem sequer conhece, só porque é diferente?Não estamos a falar de questões pessoais, de uma pessoa que, com as suas atitudes, prejudique outros seres vivos. Estamos a falar de uma mulher, notoriamente habituada a fazer bastante exercício físico, que se mantém bastante ativa quando está grávida, que tem um corpo musculado e que, pelos vistos, dá à luz crianças saudáveis como se nada fosse, ficando com o corpo impecável dias depois.
É evidente que, se a Carolina é uma figura pública e coloca as suas fotos numa Rede Social que permite comentários, deve ter bastante inteligência e estofo emocional para lidar com as barbaridades que as pessoas escrevem, e deve estar preparada para que as pessoas se exprimam tão livremente quanto se pode exprimir alguém aparentemente protegido pela tela de um computador a enviar "pedradas virtuais".
Também não me choca nada que as pessoas digam que tem uma barriga feia e que se questionam se tanto exercício será saudável para os bebés mas daí a agirem como meia dúzia de miúdos rufias que usam o seu tempo livre para chamar nomes a quem lhes parecer mais apetecível, só porque sim, vai um passo que ultrapassa os limites da estupidez humana.
O problema, na minha opinião, é que as pessoas ficam apavoradas e chocadas com tudo o que é diferente.
Depois de milhares de anos de civilização continuamos intolerantes com o que não compreendemos. O ser humano evolui a passo de caracol e pouco consegue ver além do seu umbigo. É diferente de mim? Vou arrasar, mandar abaixo, tratar deste meu medo irracional aniquilando o próximo. De uma forma muito simplista, acho que se resume a isso. As mulheres, como é evidente, são as mais críticas pois vêm na Carolina o oposto de si e, se é o oposto de si é necessariamente mau.
Apesar de não ter uma admiração excecional pela Carolina (nem tampouco o contrário disso) admiro a forma como ela assume a sua postura e a sua forma de vida. Admiro mesmo muito, pela positiva. Às vezes é preciso muita coragem até para existir e não cair na tentação de fingir que somos iguais aos outros só para eles se sentirem melhor.
Viva a diferença.