A enervante imaginação que se tem aos quatro anos
O Milton precisava de substituir uma lâmpada do farol do carro e, após comprar a dita cuja, guardou-a algures perto do manipulo das mudanças.
Estávamos a regressar com os miúdos da escola, quando ele se lembrou de que poderia colocar a lâmpada nessa tarde e começou a procurá-la junto ao local onde a tinha deixado. Não a encontrou. Eu procurei também e nada.
Perguntámos aos miúdos se tinham mexido nela.
Diz o Eduardo:
"Sim, tirei-a para brincar com ela."
Nós:
"E onde é que a puseste, Eduardo."
Continua ele, muito sério, como sempre que conta estas coisas:
"Levei-a para casa, para brincar. Depois apareceu um monstro e eu lutei com o monstro. Ele lutou comigo e eu lutei com ele e dei-lhe socos e pontapés, mas não consegui salvar a lâmpada. Ele comeu-a."
Nós:
"Eduardo, onde está a lâmpada?"
Diz ele, sempre sério:
"O monstro comeu-a. É verdade."
Lá procurei melhor a lâmpada e encontrei-a no porta-luvas.
Diz, o Eduardo:
"Tinha-me esquecido. Afinal consegui salvar a lâmpada. Depois trouxe-a de novo para o carro."
Sempre com vontade de salvar o dia, o Eduardo.