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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 03.08.23

Coisas que faço questão de (tentar) dar aos meus filhos

 

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Ainda antes de ter filhos tinha uma ideia muito romântica da educação. 

Tinha a firme convicção de que educar uma criança era um privilégio e uma responsabilidade enormes. Ainda tenho essa convicção, mas não sabia que ia ser tão difícil e que ia falhar tanto.

Não sabia que a melhor forma de ensinar algo aos meus filhos era através do exemplo e que de pouco valia tentar levá-los a fazer algo que eu própria não conseguisse fazer.

Para educar os meus filhos, tinha que me educar primeiro, para que pudessem ver em mim aquilo que lhes pedia que fizessem. 

É bem difícil.

Então, às vezes, vou pelo caminho mais fácil e em vez de lhes dar grandes sermões, dou-lhes oportunidades:

- Dou-lhes a oportunidade de treinar a resiliência e a negociação, através do confronto entre irmãos que, a toda a hora, estão a disputar alguma coisa. Aproveito para lhes proporcionar o acesso a uma única televisão, obrigando-os a negociar a programação.

- Dou-lhes oportunidade de brincar com mais gosto e vontade diminuindo a quantidade de brinquedos que podiam ter. As opções são poucas, logo, valiosas.

- Dou-lhes oportunidade de ter novas oportunidades, quando troco um "castigo" por um serviço à comunidade. Desde arrumações, limpezas, tomar conta de irmãos mais novos e procurar pares de meias, cá em casa não faltam "serviços" compensatórios de comportamentos menos corretos.

- Dou-lhes a oportunidade de perceberem, desde já, que ser adulto não é ter tudo sob controlo e fazer tudo bem. Coloco-me sempre, numa posição de aprendizagem, ao seu lado. Também eu peço desculpa, também eu preciso de aprender a não gritar, a ser mais arrumada e a acalmar-me. Os meus filhos também me dão abraços, conselhos e  massagens para ficar mais bem disposta.

- Dou-lhes a oportunidade de perceberem o seu valor em relação às outras pessoas: não são inferiores a ninguém, nem superiores a ninguém. E, para mim, serão sempre as pessoas mais especiais e importantes do mundo. 

- Dou-lhes a possibilidade de fingir que ainda acreditam no Pai Natal, na Fada dos Dentes e no Coelho da Páscoa, porque acho querido da parte deles (principalmente da Lara) fingir que ainda acredita neles. 

- Dou-lhes a oportunidade de conviver, tanto quanto possível, com pessoas boas e honestas, verdadeiros exemplos da humanidade que desejo cultivar neles e em mim.

Eu e o pai deles damos-lhes o que podemos, tendo a certeza e a paz de saber que não é suficiente e que vai haver sempre um bom espaço para eles se construirem a si próprios e para construirem o mundo que desejam e que julgam ser melhor.