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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

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Qua | 28.06.17

O peido do Salvador

Salvador_Sobral.jpg

 

 


A meio da sua atuação de um concerto solidário Salvador Sobral, vencedor da última edição do festival da canção, disse:

 

"Eu sinto que posso fazer qualquer coisa que vocês aplaudem. Vou mandar um peido para ver o que é que acontece".

 

Parece que esta afirmação está a gerar uma onda de polémica nas Redes Sociais (e novidades?!).


Não estou espantada, não. Nem com o peido nem com as reações ao potencial peido. 

Perguntei a 7 colegas  o que acharam do peido do Salvador:

Eis as respostas:

- Quem é o Salvador?
- Eu até achei piada! :D
- Acho que ele é um grande palhaço!
- Cheiroso.
- Horrível
- Ai que disparate!
- Acho que sim... Afinal toda a gente dá peidos.


(Como é que posso não adorar o meu local de trabalho?! Impossível)

Continuando...

As pessoas ofendem-se com cada coisa, não é?

As pessoas gostam mesmo de se ofender, é uma espécie de guilty pleasure.

Esta não foi, sem dúvida, a tirada mais brilhante dele. Não neste momento, é certo.

Mas, o que pode ser ofensivo é se daqui a uns meses já ninguém quiser saber do que aconteceu, se já ninguém exigir medidas efetivas que impeçam que as coisas se repitam. Se, daqui a uns meses, as pessoas se lembrarem mais do peido do que daquilo que realmente interessa para termos melhores condições de segurança no país onde vivemos.


Eu gosto do Salvador, gosto da música do festival e das outras músicas dele. Mais do que da sua voz e das músicas, gosto da performance dele no palco e da sua forma de estar "descomprometida" fora do palco. O que ele disse parece-me totalmente normal tendo em conta a sua postura e a sua personalidade.


Eu estou muito solidária com a causa do concerto. Por razões humanas e pessoais. 


Eu não estou ofendida com o Salvador. Como podia estar? Porquê?

 

Mesmo que ele estivesse a ser parvinho ou tolinho não ficaria ofendida. 


As ofensas não nos vão dar felicidade nem paz de espírito. O amor, a entreajuda pura, o altruísmo e a tolerância, sim.


Sejamos mais felizes pessoas. Não nos ofendamos tanto que isso não é bom para o karma. O rapaz estava a ser ele próprio. Ele é uma pessoa. Ele erra. Nós, se pensarmos bem nisso (assim com muita força) também tivémos momentos na vida em que errámos, em que não estivemos no nosso melhor.

Se calhar no Salvador não é das pessoas mais razoáveis do mundo, mas também não é por isso que gostamos dele. Gostamos dele pela música que faz.


Ele está ali para fazer música, não para agradar a todos ou mudar de personalidade.

Então não gostamos dele por ser genuíno? Ou só gostamos da sua genuinidade quando diz coisas que nos são simpáticas?

O sentido de humor é uma arte que nos faz tanta falta... Sejamos mais felizes, saibamos rir-nos mais de nós próprios.


Saibamos, sobretudo, canalizar a nossa energia para aquilo que interessa: saber como evitar situações como a que vivemos, ajudar quem precisa, fazer o que precisa de ser feito para todos termos melhores condições de vida. Isso sim interessa.






Qua | 28.06.17

Ela olha para a sopa como se estivesse a ver unhas de rinoceronte no prato


Já tinha lido e ouvido falar bastante sobre isto. Sobre esta fase (por volta dos 3, 4 anos) em que os miúdos parecem não querer comer nada.

 

A Lara está nessa fase. Ela sempre comeu bem e de tudo. Podia não apreciar especialmente a sopa mas comia-a sem reclamar se tivesse qualquer coisa para lhe dar graça: queijo, massinhas, fruta ou croutons.


Agora nem assim. 


Assim que vê a sopa, abre muito os olhos, faz um ar verdadeiramente horrorizado de quem está a ver um enorme e peludo monstrengo à frente, e começa a gritar: "Não, não, não... Não quero sopaaaaaaaa!". Ela diz "Sopaaaaaaaaaaaa" como se estivesse a olhar para uma coisa francamente desagradável e repelente.

 

Caramba, até fico ofendida. Posso não ser uma pessoa muito vocacionada para a cozinha mas de certeza que as minhas sopas não serão tão más. Ou serão? Bom... perante o nosso argumento de que come a sopa na escola por isso não há razão para não a comer em casa também, ela responde que as sopas da escola são boas. :/


Enfim, até poderia aceitar este desaforo e desistir da sopa se a Lara comesse outras coisas de que sempre gostou como bróculos e peixe. Nem isso ela está a comer bem... Fica a fazer bola na boca e é penoso ficar ali imenso tempo, a insistir com ela para que coma.


Sim, eu sei que não se deve obrigar, não se deve fazer drama, não se deve transformar o acto de comer numa coisa desagradável, cheia de cobranças... mas quem é que pode? Quem é que pode ver o filho a ir para a cama sem comer, sem ter tentado convencê-lo até ao último recurso, a comer pelo menos metade do prato?


Nós. A bem da nossa sanidade mental.


Ontem, depois de dias inteiros nisto e já cansadíssima, fiz o que devia ter feito desde o início: não queres comer, não comas. Na boa. Amigas na mesma. Sem gritos, ameaças ou castigos.

 

"Vai lá ver desenhos animados, ou brincar, ou ouvir uma história, tudo como de costume."

"Vai lá que não se passa nada."  


E assim  foi. Sem dramas, sem castigos, sem consequências.


Evidentemente, sem alternativas ao jantar que foi oferecido (nada de iogurtes, bolachas ou outra comida que não estivesse já feita).


Se alguém estiver a passar pelo mesmo que eu, vale a pena ler  a opinião de especialistas sobre este assunto aqui.


Concordo com o que é dito mas, obviamente, não cumpro tudo milimetricamente.

Vou evitar ao máximo "brigar" com a Lara para comer. Não é que eu brigue para ela comer, brigo quando manda comida  para o chão. Vou, tanto quanto possível, dar-lhe um papel para ela limpar o que sujou (o que ela costuma fazer sem grande alarido), dizer-lhe que não se faz, mas não farei um escândalo.

 

Mas não garanto que, uma vez ou outra, não lhe dê comida à boca. Ainda não percebi bem se o devo fazer ou não. Enfim... fico a aguardar que a resposta me chegue à mente, eventualmente, (chama-se intuição maternal não é?)

 

Também já tentei fazer "arte" com a comida, para ver se ela achava graça e comia aquelas bonitas coisas que eu desenhava no prato.

Mas, lá está, tenho alma de artista independente (só pode ser isso e não falta de habilidade). Só consigo expressar o que me vai na alma. 

De modo que,quando quero fazer um bonequinho simpático e divertido no prato da Lara... o que faço é a própria expressão dela a olhar para a comida. 

 

sopa 7.jpeg