Um dia típico #1
A maratona matinal
É de manhã, os miúdos estão na escola e está um lindo dia de sol. Abro as janelas dos quartos para arejar a casa. Ahhhh que ideia genial!
Na minha mente forma-se a bonita imagem de um estendal cheio de roupa a secar.
Neste sentido, agarro no cesto de roupa que deixei a lavar de noite (para poupar eletricidade) e sinto um calor imenso. Volto a casa para deixar o casaco e, mal ponho os pés fora do apartamento, sinto a porta a fechar-se atrás de mim com estrondo.
Do outro lado da porta, as minhas chaves, no bolso do casaco.
Antes de entrar em pânico, olho à minha volta, e penso no que posso fazer com o que tenho.
Eis o meu pensamento, passo a passo:
1) Tenho um corpo. Bato com ele contra a porta. Não abre. Decido desistir deste método antes que a coisa vá longe demais.
2) Não tenho telemóvel, por isso não telefono a ninguém.
3) Posso tentar pedir um telemóvel emprestado a um vizinho ou a um desconhecido e ligar ao Milton para me vir abrir a porta, mas não me apetece chatear ninguém, nem tirar o Milton do trabalho.
4) Penso mais um bocado. Não sei escalar paredes lisas, não sou assim tão boa no salto em altura e vivo num andar relativamente alto, por isso essa também não é uma opção.
5) Penso ainda com mais força (de manhã e em jejum não é fácil). Decido, então, estender a roupa enquanto medito na situação. Assim como assim, há que aproveitar o sol e por a roupa a secar.
6) Já a estender a roupa, com o sol a iluminar-me as ideias, tomo a decisão mais acertada.
7) Decido fazer uma caminhada em passo rápido até à casa dos meus sogros, que vivem do outro lado da cidade. Sempre faço algum exercício, apanho sol e converso um bocadinho com a minha sogra.
E assim foi. Enquanto orava para que estivesse alguém em casa, aproveitei muito bem a caminhada, conversando comigo mesma, como faço sempre.
A minha sogra estava em casa, tivemos uma agradável conversa de 5 minutos e ainda cheguei a tempo de apanhar parte da reunião matinal no trabalho.
E não chateei ninguém, que é sempre o melhor de tudo.
De uma situação potencialmente aborrecida uma pessoa fez o que pode para melhorar o dia. O exercício físico e o passeio já ninguém me tira.