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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 02.06.22

Fomos jantar fora e mandaram os meus filhos calar!

Filhos Happy.jpg


Jantar num dia de verão, numa esplanada estrategicamente localizada numa rua pitoresca, é uma das minhas atividades preferidas. Se existir uma planta, uma árvore ou alguma verdura por perto, a coisa torna-se quase perfeita!

Com os meus filhos um pouco mais crescidos, achei por bem partilhar esta atividade satisfatória com eles.

Assim, o Milton e eu decidimos ir jantar fora com os miúdos, num dos muitos restaurantes que existem perto da nossa casa, em Ponta Delgada.

Reservámos um lugar na esplanada, uma esplanada simples, junto à rua, onde não passavam carros, o que nos pareceu uma boa opção para os miúdos.

 

Assim, munidos de livros de colorir, cartões brancos e lápis de cor e boa disposição, lá fomos nós jantar fora.

Antes de chegar o jantar, os miúdos estavam entretidos a pintar e a desenhar. Durante o jantar, comeram muito bem e mantiveram-se mais ou menos sossegados. Mas, depois de terem a barriga cheia, ninguém os poderia aguentar nos lugares sossegados. Por isso, naturalmente, deixei-os brincar na rua em frente ao restaurante.

Até que, bem na hora em que o Milton tinha ido pagar, nos chega um sonoro "CHHHHHHHHHHIU!"

Os meus filhos não estavam a brigar, nem a fazer birra, nem a gritar. Brincavam ao macaquinho do chinês e aos autocarros, andando divertidos às cavalitas uns dos outros. Falavam alto e riam, num alvoroço alegre de crianças que brincam na rua. Eu, contagiada pela animação infantil, ora tirava fotos ora falava com eles.

De repente, numa mesa atrás de mim, aquele sonoro e mal humorado "Chiiiiiiiiiiu!"

Olhei para os miúdos e, por gestos, pedi-lhes que falassem mais baixinho. Não ralhei com eles, obviamente. Não se ralha com uma criança por estar a brincar, na rua, com energia e alegria.

Na altura, não me ocorreu fazer mais nada.

Mas penso, à luz da distância, se não deveria ter-me levantado e falado com a pessoa que mandou calar os meus filhos com muito mais educação do que a que "a pessoa" utilizou segundos antes.

Se calhar não deveria. A pessoa estava a jantar com um amigo, era turista e não tinha um ar feliz. Expliquei isso às crianças, quando a Lara insinuou que ela não gostava de crianças. Expliquei-lhe que não era que não gostasse de crianças, era mais porque estava a ter um mau dia, estava aborrecida e isso não era culpa nossa.

A nossa noite continuou amena e alegre, até chegarem as 22h00 e irmos para casa.

Fica a reflexão: quais são os limites da nossa liberdade? O que seria o mais correto nesta situação?

Acho que não há uma resposta única ou correta.

Podia ter levado um telemóvel para cada miúdo, podia ter ameaçado com castigos se eles falassem muito alto, podia ter jantado em casa.

Ou podia ter usufruído do meu direito a jantar com os meus filhos, deixando-os ser crianças, desde que não estivessem claramente a prejudicar alguém.

PS: Por estas, e por outras, sou a favor de restaurantes, hotéis e outros locais só para adultos. 

Posto isto, desejo muito que todas as pessoas possam sentir alegria no riso das crianças.

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