Ainda no outro dia nasceu. Gordinha e muito séria. Linda!
Durante muitos meses era muito agarrada a mim, só queria o meu colo e era eu que lhe dava maior conforto.
Por volta dos 16 meses apanhou a fase "Pai" que ainda está agudíssima. Vai para a porta chamar pelo pai, pergunta várias vezes pelo pai durante o dia e, quando vamos os dois buscá-la à creche, se me vê primeiro pergunta logo pelo pai.
A noite passada não dormimos nada: eu, o Milton e a Maria. Ela está com bronquiolite (outra vez) e passou a noite a tossir e a resmungar. Nós, preocupados e a vigiar a respiração dela, também não dormimos grande coisa.
Como estou de férias, ela ficou em casa comigo. A meio da manhã ela fez uma soneca e eu apaguei completamente também. Acordei com ela aos gritos na cama. Já devia estar a chamar-me há imenso tempo.
Arrastei-me com ela até à sala, dei-lhe bolacha Maria (sim, estou a tentar deixar mas temos pacotes para casos de emergência como este) e prendi-a na espreguiçadeira a ver desenhos animados enquanto eu praticamente desmaiava de sono no sofá.
Isto de passar a dormir a noite toda e, de repente, ficar uma noite praticamente em claro, pode ser mais duro que passar meses sem dormir mais de 4 horas seguidas. Comigo é assim.
Passados uns minutos acordo com ela a chamar-me: "Carla", "Carla", "Carla".
Criei para a Lara um jogo de que eu gostava muito quando era pequena.
Hei-de falar disso mais à frente mas o facto é que ela adorou.
O problema é que o jogo envolve muitas notas (de brincar claro) e a Lara, já passada a hora de dormir, decidiu espalhá-las metodicamente pelo tapete da sala e arruma-las uma a uma na carteira.
Aquilo era coisa para levar umas dezenas de minutos e eu ofereci-me para a ajudar, pelo que peguei num maço de notas e dispus-me a arrumá-las rapidamente.
A Lara começou logo a reclamar dizendo:
"Mãe, tens que arrumar uma de cada vez. Não vez que assim estás a estragar o meu trabalho todo?!"
?????!!!!!!
Bom... prometi arrumar uma de cada vez e mesmo depois dela se ter ido deitar eu continuava a arrumar uma nota de cada vez "por respeito ao seu trabalho".
Quando a Lara nasceu eu não percebia nada de bebés. No hospital, sozinha, esperava que alguém me dissesse quando e como ela devia comer, quando devia mudar a fralda e tudo o mais... sempre.
A primeira vez que lhe mudei uma fralda sozinha tremia por todo o lado, parecia que tinha sido ligada a uma máquina de choques pela maneira como tremia incontrolavelmente.
Ela chorava muito, chorava o dia todo. E eu sempre nervosa e a passar-lhe o meu nervosismo.
Depois fomos para casa e eu, o Milton e a Lara fomo-nos habituando uns aos outros. Depois veio a Maria e, em muitos aspetos, foi mais fácil.
Já tenho alguma experiência, já tive muito conselhos profissionais e de amigos e familiares experientes e já sei mais qualquer coisita sobre bebés e sobre aquilo que eles precisam.
Cá em casa não usamos muitos produtos para além dos básicos (e dos da Maria para pele atópica mas isso é outra história, ver aqui).
Mas, em geral existem 3 coisas que nunca faltam cá em casa e nunca me falharam.
1- Creme para assaduras de pasta de água Eryplast.
É ótimo, perfeito e não quero outra. Só uso mesmo creme em caso de assadura e este é fenomenal. Não deixa o chichi contactar com a pele e é muito fácil de espalhar (ao contrário de outros que tinha usado antes e que não conseguia espalhar sobre pele húmida). Costumo comprar na Wells (porque é mais económico, mais prático por ficar logo ali ao lado do continente). Eles têm uma promoção de 3 tubos com oferta do terceiro que vale mesmo a pena comprar. Compro os 3 e duram-me mais de 6 meses (acho que até muito mais).
2- Soro fisiológico em doses individuais.
Impossível não ter em casa, muitos, principalmente no inverno. Sempre usei para limpar o nariz da Lara e da Maria e é realmente o mais eficiente. Devem ser em doses individuais para não contaminar o frsco com micróbios (digo eu).
3- Creme de rosto para criança Barral.
Comprei por acaso, só para experimentar, porque a Lara tinha a pele muito seca. Adorei e não quis outra coisa para ela. A pele fica super suave e cheirosa e o preço também é simpático para a qualidade que tem e o tempo que dura (imensos meses).
São estas as minhas sugestões de hoje. Tudo coisas muito usadas por mim e com as quais estou muito satisfeita.
Clicar nas imagens para preços e mais informações.
Depois de uma ida à dentista que me deixou com a boca anestesiada até ao pescoço (ainda por cima a pedido meu, porque a senhora costuma ser poupada na anestesia e apenas depois de eu sentir umas dores agudas e lhe pedir para carregar nas drogas, ela aplica uma anestesia que me deixa verdadeiramente a falar de lado até Ao fim do dia).
Dizia eu que tinha saído da consulta dentária (e da última de 3 ou 4 fases de desvitalização de um dente) e fui apanhar o minibus na paragem do costume.
Como de costume, também, não levava comigo guarda-chuva, apesar do tempo estar um bocadito a ameaçar aguaceiros. Sabem como é, nos Açores fazem as 4 estações num dia e eu sou uma pessoa positiva, acreditando portanto que ia encontrar a primavera no caminho de volta para o trabalho.
Só que não. Encontrei mesmo aquela passagem do outono para o inverno que envolve uma grande chuvada embalada por uma ventania do caneco.
Mas isto não foi logo. Não senhor.
Primeiro fez-se um ajuntamento simpático de senhoras velhinhas, eu e mais algumas pessoas de meia idade que eu desconhecia totalmente.
Bom, não sei se sabem mas não sou muito dada a contacto físico, com a devida exceção feita ao Milton e às minhas filhas e a algumas outras pessoas mais próximas (amigos, entenda-se).
Ora estávamos nós, pessoas desconhecidas, pacatamente reunidas na paragem do minubus, quando se deu a tempestade.
Foi ver-nos a encolhermo-nos todos num canto da paragem, tão encostados quanto possível numa cena que parecia vinda de um filme futurista em que estariam a cair meteoritos.
Era água a bater na cara, nas roupas, a entrar pelos olhos, os cabelos empapados na testa, um fresquinho em forma de pingos grossos a esgueirar-se pelo pescoço e por aí fora.
Quanto a mim, que não tinha chapéu nem nada, enfiei-me num cantinho, bem recôndito, no meio de um muro humano que me pareceu muito quentinho e simpático.
E foi muito engraçado.
Ainda ficámos com alguma roupa a pingar mas, passado o aguaceiro, ficamos todos a conversar animadamente e eu lá fiquei a fazer a minha já costumeira atividade de explicar a quem quiser ouvir como funciona a magnífica aplicação do minubus (desenvolvida pelo querido pai das minhas filhas) e, como temos que contribuir todos para o “ganha pão”, gosto de apanhar todas as oportunidades para debitar sobre as vantagens da coisa.
Muitas vezes olho para as minhas filhas, principalmente para a Lara que é claramente mais parecida comigo, e vejo a criança que fui. Ou melhor, vejo uma versão muito melhor da criança que fui.
Olho para as minhas duas meninas e vejo-me menina, assumo os meus pensamentos, os meus medos e as minhas alegrias de infância.
Quando beijo as minhas filhas de noite e lhes digo que são a minha maior felicidade e alegria, estou a fazer exatamente aquilo que me faria sentido como criança.
Quando as minhas filhas me querem mostrar alguma coisa, olho mesmo para elas e dou-lhes a minha atenção toda, que é o mínimo que elas merecem. Bom… sempre que posso e menos vezes do que gostaria mas, ainda assim, esforço-me para que aconteça cada vez mais vezes.
Quando as minhas filhas fazem birras e gritam tento abraçá-las e consola-las e, quando elas não querem, fico em silêncio, e deixo a birra acalmar por si.
Quando reparo que estou a vestir as minhas filhas à pressa, paro um pouco e recomeço a vesti-las com mais meiguice e cuidado, como gostava que fizessem com a criança que fui.
Quando cuido das minhas filhas, estou a cuidar da criança que fui, estou a amar a criança que fui e estou a dar à criança que fui todas as condições que creio serem indispensáveis para que ela cresça com uma boa auto-estima e sobretudo com uma inteligência emocional saudável e equilibrada.
E quero dar tanto mais às minhas filhas e não sei sequer o quanto é que isso depende de mim. Gostava que tivessem sempre a capacidade e vontade de sonhar, que nunca lhes falte imaginação, ânimo para recomeçar sempre que for preciso e muita paciência e sabedoria para encarar a vida de uma forma tranquila e feliz.
Aos 17 meses, a Maria entrou definitivamente na fase “Pai”.
Se antes era completamente agarrada a mim e só queria o meu colo, agora mal tira a vista de cima do pai começa logo a chamá-lo insistentemente.
É uma coisa cómica de ver: ri-se com ar envergonhado quando ele faz brincadeiras, se eu lhe peço um beijinho diz-me que não e tenta dar antes ao pai e outras coisas que tais.
É muito giro de ver, tendo em consideração que , fisicamente e tirando a barba, a Maria é uma miniatura do pai.