Quando desligamos a televisão, acontecem coisas maravilhosas!
O Eduardo descobriu que tem voz. E que pode utilizá-la para exprimir a sua vontade. Com veemência.
Este facto tem tornado as nossas manhãs e noites um pouco ensurdecedoras.
Ocorre que temos apenas uma televisão. E o Ipad da casa avariou e não o substituimos. Ocorre ainda que existem mais duas crianças em casa que calham a não ter o mesmo gosto para programação televisiva.
De modo que resolvemos a questão da única maneira que julgamos possível: ninguém vê televisão. Pronto.
Claro que levamos com uma gritaria esganiçada muitas vezes. Sempre que o Eduardo se lembra do Panda e dos Caricas, vá.
Mas, na maioria das vezes, a Lara, a Maria e o Eduardo começam a brincar juntos. Num minuto estão a reclamar e no minuto seguinte estão super entretidos a inventar uma brincadeira qualquer.
Ontem, por exemplo, fui dar com a seguinte situação no quarto dos miúdos:
Estava a Maria sentada no chão com o Eduardo e, à frente deles, uma fila de bonecas e de peluches, sentados muito direitinhos.
A Maria ensinava o Eduardo a cantar a canção do "Bom dia", que ela canta com a sua turma. O Eduardo repetia, com muito interesse e atenção, o melhor que podia, as palavras que a Maria cantava. Depois, a Maria dizia-lhe que ele tinha que ensinar a canção aos "meninos".
Estavam os dois a brincar às escolas, sendo a Maria a professora e o Eduardo o auxiliar de educação.
Queria mesmo fotografar isto. Mas às vezes, quando eu apareço, acabo por quebrar a dinâmica da brincadeira, pois isso desisti.
Como esta, há uma série de brincadeiras que eles criam sozinhos, desde que tenham oportunidade para isso. E a televisão anula um pouco a oportunidade de brincar.
Claro que é uma excelente ajuda em muitas situações mas, cá por casa, com tantas vontades diferentes, acaba por funcionar muito bem desligada.