A minha mente está constantemente povoada por uma série de narrativas, mais ou menos com vida própria. Às vezes, paro um pouco para as analisar e refletir sobre as memórias mais vívidas que tenho. Sabem, aquelas que nos permitem sentir o perfume dos sítios, a textura dos tecidos e até o calor de um dia de sol. Sinto que não tenho escolha quanto a estes pensamentos, mas a verdade é que — tenha ou não escolha — gosto deles. Habituei-me a eles e, se não os posso evitar, (...)
Como começar a falar do livro Tudo É Rio, da brasileira Carla Madeira? Li o livro em três dias, mas poderia tê-lo lido facilmente em meia dúzia de horas. O livro espantou-me, intrigou-me, e depois puxou-me para dentro daquela realidade de uma forma incontornável. Peguei no livro por acaso. Estava a "fazer zapping" nos livros que tenho no Kobo e parei neste, que já tinha visto aqui e ali pelas redes sociais. Se soubesse dos temas que ali encontraria, não o teria lido. Não teria (...)
Tens de ser uma boa mãe. Nada de gritos, nada de incutir sentimentos de culpa. Não te esqueças de ser uma boa esposa. Temos de regar a relação todos os dias. Sê boa e gentil. Cuida de ti para poderes cuidar melhor dos outros. Sê boa e empática para todos. A grandiosidade não está em ser simpática para quem é amável; isso é fácil. Deves mostrar-te benevolente para quem te trata mal, pois são esses os que mais precisam. Sê eficiente e produtiva no trabalho. Proativa, (...)
A possibilidade de ler sempre foi uma das minhas partes preferidas da existência. Desde que aprendi a ler, até hoje, a leitura incessante teve apenas um interregno pela melhor das razões e uma das partes mais maravilhosas da vida: o nascimento dos meus filhos. Agora que estão um pouco mais crescidos e independentes (o mais novo tem 6 anos), recomecei a ler. Tal como acontece com a música, gosto sempre de ler autores portugueses, paralelamente a outros estrangeiros. Para mim, é (...)
Ler Tolstoi é como degustar uma bebida forte, encorpada e saborosa, mas que é preciso apreciar devagar e com moderação. A forma como ele desenlaça e coloca a nu os mecanismos da mente e os mais profundos sentimentos humanos é envolvente, mas, ao mesmo tempo, pesada e até embaraçante. Sinto que, ao ler Tolstoi, entramos nas profundezas da nossa alma como se estivéssemos numa sessão de psicoterapia intensa. É por isso que este autor é tão único e tão interessante, assim como (...)
Num mundo onde o tempo é um recurso escasso e o trabalho domina a maior parte do nosso dia, é fácil perder de vista o que realmente importa. E quando se trata de criar e educar os nossos filhos, percebo que é o tempo que se torna o recurso mais valioso, até mais do que o dinheiro. Atualmente, com os horários de trabalho cada vez mais longos e as exigências constantes da vida profissional, sinto que o tempo que tenho com os meus filhos é uma corrida contra o relógio. Passamos os (...)
Confesso, desde já, que se o mundo se dividisse entre os éticos e os moralistas, eu correria para o grupo da Ética, virando as costas, com alegria, à Moral. Com isto, não quero dizer que sou uma pessoa extremamente ética e imoral. Claramente, não é assim. Na verdade, o comportamento ético é uma procura constante na minha vida, algo que quero ser, algo que quero, a cada dia, mostrar aos meus filhos, mas que, infelizmente, nem sempre é um caminho fácil e solarengo para percorrer. Cre (...)
Uma das coisas que mais apreciava em Lisboa era o conforto que sentia entre desconhecidos. Sabem aquela expressão que se usa para descrever um sentimento de tristeza profunda que é estar só no meio de uma grande família ou de muitos conhecidos? Em Lisboa, eu sentia o oposto disso. Sentia-me muito confortável entre desconhecidos. Sentia isso ao percorrer a Avenida São Jorge Sozinha, ao ir ao cinema, ao passar a noite no apartamento que dividia com raparigas de quem nem me lembro o nome. Nin (...)
Falava-se de alguém que estaria a fazer terapia com um psicólogo, sem grande sucesso tendo em consideração os seus comportamentos agressivos e desprovidos de razão, quando alguém disse: "Uma sessão de terapia não é uma sessão de exorcismo."
Tirei uma semana de férias. Sozinha. 5 dias inteirinhos sozinha. Parece um sonho! Estava mesmo a precisar. Mas, vamos lá contextualizar isto. Não tive esta boa vontade toda com a minha pessoa sem um motivo muito utilitário (não que precisasse de o ter). Tirei férias para fazer limpezas, destralhar, encher caixotes, lavar paredes, enfim... E foi o que fiz na 1ª parte do dia. Limpei a casa, tratei de pendências várias e fiz uma coisa maravilhosa por mim: fui à biblioteca e (...)