Tens de ser uma boa mãe. Nada de gritos, nada de incutir sentimentos de culpa. Não te esqueças de ser uma boa esposa. Temos de regar a relação todos os dias. Sê boa e gentil. Cuida de ti para poderes cuidar melhor dos outros. Sê boa e empática para todos. A grandiosidade não está em ser simpática para quem é amável; isso é fácil. Deves mostrar-te benevolente para quem te trata mal, pois são esses os que mais precisam. Sê eficiente e produtiva no trabalho. Proativa, (...)
A possibilidade de ler sempre foi uma das minhas partes preferidas da existência. Desde que aprendi a ler, até hoje, a leitura incessante teve apenas um interregno pela melhor das razões e uma das partes mais maravilhosas da vida: o nascimento dos meus filhos. Agora que estão um pouco mais crescidos e independentes (o mais novo tem 6 anos), recomecei a ler. Tal como acontece com a música, gosto sempre de ler autores portugueses, paralelamente a outros estrangeiros. Para mim, é (...)
Ler Tolstoi é como degustar uma bebida forte, encorpada e saborosa, mas que é preciso apreciar devagar e com moderação. A forma como ele desenlaça e coloca a nu os mecanismos da mente e os mais profundos sentimentos humanos é envolvente, mas, ao mesmo tempo, pesada e até embaraçante. Sinto que, ao ler Tolstoi, entramos nas profundezas da nossa alma como se estivéssemos numa sessão de psicoterapia intensa. É por isso que este autor é tão único e tão interessante, assim como (...)
Num mundo onde o tempo é um recurso escasso e o trabalho domina a maior parte do nosso dia, é fácil perder de vista o que realmente importa. E quando se trata de criar e educar os nossos filhos, percebo que é o tempo que se torna o recurso mais valioso, até mais do que o dinheiro. Atualmente, com os horários de trabalho cada vez mais longos e as exigências constantes da vida profissional, sinto que o tempo que tenho com os meus filhos é uma corrida contra o relógio. Passamos os (...)
Confesso, desde já, que se o mundo se dividisse entre os éticos e os moralistas, eu correria para o grupo da Ética, virando as costas, com alegria, à Moral. Com isto, não quero dizer que sou uma pessoa extremamente ética e imoral. Claramente, não é assim. Na verdade, o comportamento ético é uma procura constante na minha vida, algo que quero ser, algo que quero, a cada dia, mostrar aos meus filhos, mas que, infelizmente, nem sempre é um caminho fácil e solarengo para percorrer. Cre (...)
Uma das coisas que mais apreciava em Lisboa era o conforto que sentia entre desconhecidos. Sabem aquela expressão que se usa para descrever um sentimento de tristeza profunda que é estar só no meio de uma grande família ou de muitos conhecidos? Em Lisboa, eu sentia o oposto disso. Sentia-me muito confortável entre desconhecidos. Sentia isso ao percorrer a Avenida São Jorge Sozinha, ao ir ao cinema, ao passar a noite no apartamento que dividia com raparigas de quem nem me lembro o nome. Nin (...)
Falava-se de alguém que estaria a fazer terapia com um psicólogo, sem grande sucesso tendo em consideração os seus comportamentos agressivos e desprovidos de razão, quando alguém disse: "Uma sessão de terapia não é uma sessão de exorcismo."
Tirei uma semana de férias. Sozinha. 5 dias inteirinhos sozinha. Parece um sonho! Estava mesmo a precisar. Mas, vamos lá contextualizar isto. Não tive esta boa vontade toda com a minha pessoa sem um motivo muito utilitário (não que precisasse de o ter). Tirei férias para fazer limpezas, destralhar, encher caixotes, lavar paredes, enfim... E foi o que fiz na 1ª parte do dia. Limpei a casa, tratei de pendências várias e fiz uma coisa maravilhosa por mim: fui à biblioteca e (...)
Tinha 14 anos e estava no 10º ano, na primeira aula de Filosofia. Provavelmente a professora estaria a falar dos conteúdos que íamos dar durante o ano ou algo do género e eu fiquei logo extremamente surpreendida. Lembro-me perfeitamente de ter pensado: "A sério que é isto que vou estudar?! Pode ser mesmo real o facto da matéria escolar ser tudo o que povoa a minha mente desde que me lembro de existir?!" Achei aquilo extraordinário! Nunca imaginei, ao longo do meu percurso (...)
O que é a vida? Maria, 4 anos: "É o planeta Terra." Lara, 6 anos: "São as pessoas." Acho que vou considerar corretas ambas as respostas. Afinal, o que é a vida senão a nossa interpretação de uma palavra que serve apenas para tentarmos dar sentido a algo que está para lá da nossa compreensão?!