Vamos refletir um pouco sobre o que é a nossa vida nos dias de hoje?
Já todos sabemos que vivemos numa sociedade de consumo de massas onde possuir coisas de desgaste rápido assume uma importância considerável.
Também sabemos que podemos possuir muitas coisas porque essas coisas se têm tornado mais baratas e acessíveis aos nossos bolsos. E consumimos porque isso nos dá prazer e satisfação, ainda que pouco duradoura, e porque nos parece dar uma espécie de "status" que nos equipara aos nossos semelhantes e nos dá algum estatuto social. Ou não.
Eu já gostei mais de comprar coisas. Ainda gosto, claro. Gosto de ter uma coisa nova, principalmente se for uma coisa que me vai facilitar a vida e torna-la mais alegre. Assim de repente, lembro-me da última capa de edredão que comprei para o quarto dos adultos cá de casa e que, semanas depois da compra, ainda me dá alegria sempre que a vejo.
Mas há algo na forma como consumimos hoje em dia que me faz muita confusão.
Ora vejamos, gasto a maior parte do orçamento familiar em três coisas que considero bens essenciais: saúde, educação e comida.
Na minha opinião estas três coisas deveriam ser garantias básicas para qualquer ser humano por isso deveriam ter um preço mais acessível e uma qualidade superior. Mas não.
Hoje em dia, 2 kg de maçãs ou duas peras abacate custam o mesmo que uma t-shirt. Se acrescentar um kg de tomates, pepino, curgete e abóbora é o mesmo que comprar um vestido.
Neste momento é mais barato encher o roupeiro de roupa e sapatos do que alimentar uma família durante duas semanas. Pode isto ser considerado normal ou desejável?
Isto para não dizer que se comprar batatas fritas, bolachas, enlatados e comida pré feita poupo muito mais do que se comprar fruta e legumes frescos. Esta caricata situação torna a saúde e a boa alimentação um verdadeiro luxo.
É também por isso que comprar roupa, sapatos, malas, brinquedos e "coisas em geral" é a última das minhas prioridades. Compro mesmo apenas aquilo de que preciso. Já não sinto espaço no meu roupeiro e na minha mente para acessórios.
Assim de repente, se ganhasse o euro milhões, era capaz de gastar boa parte do dinheiro em viagens (de certeza absoluta), em concertos, em experiências e serviços que me proporcionassem mais tempo livre e sobretudo mais tempo de qualidade. Comprar casas, roupas, carros ou sapatos ficaria para o fim, para quando precisasse de comprar roupa prática e fresca para levar para um qualquer destino paradisíaco onde me instalaria certamente por uns 3 meses com a família toda ou para quando gostasse tanto de um local que quisesse ter lá residência permanente. :D
Invisto basicamente em coisas que não se vêm (curiosamente ao contrário do que fui ensinada a fazer durante toda a minha infância): comida saudável, serviços e eletrodomésticos que me fazem ter tempo para a minha família e aquilo que gosto mais de fazer, experiências que me acrescentem alegria e conhecimento e serviços de saúde de qualidade aceitável.
De que me servem as outras coisas?