Uns pais do pior!
Num domingo à tarde fomos todos comer um gelado numa gelataria de que gostamos muito.
Eu, a Lara e a Maria comemos um gelado e depois fui buscar uma cerveja para o Milton.
Depois do gelado a Lara pediu para comer pão. Era quase hora de jantar e ela já tinha lanchado em casa (para além de ter comido o gelado depois).
Dei-lhe vários motivos para não lhe comprar um pão apesar de saber que ela gosta mesmo é de comer na rua só porque tem piada. Quem nunca?!
Disse-lhe que estava quase na hora de jantar, que já tinha comido o gelado, que lhe dava pão em casa se ainda tivesse vontade depois de jantar, etc.
Ela continuava a insistir, a insistir e a insistir.
Comecei a imaginar que as pessoas talvez começassem a olhar para nós e talvez achassem que não era despropositado uma criança estar a pedir pão. Comecei a fazer um grande filme na minha cabeça e a achar que talvez as pessoas estivessem a considerar que éramos muito duros ou até forretas por não comprarmos um pão à miúda.
Depois comecei a imaginar as pessoas a verem uma criança pequena e lourinha, a pedir apenas um pão aos pais que, quais ogres impávidos e serenos, desfrutavam da posição de sentados, enquanto a criança pedia comida. (Nota-se muito a culpa na minha mente?)
E, com estes pensamentos em mente, numa das vezes que a Lara pediu para lhe comprarmos um pão, e com a esperança de que alguém estivesse a olhar, respondi-lhe:
"Não te posso comprar um pão Lara. Gastei o dinheiro todo em cerveja para o teu pai."
E pronto, eu e o Milton rimo-nos muito satisfeitos com esta "tirada de humor" e arrastámo-nos e aos miúdos de volta para casa onde jantámos e comemos pão à sobremesa.