Um pensamento inconsequente sobre a atualidade
Quando era pequena, à semelhança da maior parte das crianças, acreditava que os adultos sabiam tudo, controlavam tudo e resolviam tudo. Acreditava, sobretudo, que quando eu fosse adulta, seria uma espécie de ser superior, todo poderoso e todo sapiente, incapaz de sentir medo e capaz de fazer tudo o que quisesse com toda a eficácia.
Claro que não tive em conta desafios externos, a necessidade de gerir a minha vontade tendo em consideração também a vontade dos outros, a dificuldade extrema em gerir as minhas próprias emoções e as sempre relevantes hormonas que mexem com a cabeça das mulheres de uma forma inenarrável.
Acreditava, sobretudo, que o ser humano era bom e razoável e poucas eram as exceções. À medida que fui crescendo fui caindo na realidade.
Hoje, com 40 anos e mãe de três crianças, que competem comigo em níveis de razoabilidade, não há dia em que não me choque com as atitudes pouco razoáveis dos adultos, comigo incluída.
Hoje sinto, de uma forma especialmente intensa que, no que respeita à razoabilidade e aos valores humanistas, vivemos equilibrados num frágil fio composto por uma mistura de medo, vontade de poder e valores estranhos.
Vivemos no caos. Na essência regemo-nos pelo caos. A ordem que parece reger a humanidade parece ser apenas uma ficção mal encenada que nos faz sentir uma segurança ilusória.
As guerras não são crimes contra a humanidade?
Não é suposto vivermos num mundo civilizado?
Como se punem os culpados pelos crimes de guerra? Com mais violência? Contra quem?
Porque é que estamos sempre tão dispostos a diminuir o próximo?
Como é que se acaba com isto?
Perante o que se está a passar no mundo, a única coisa que me ocorre fazer é esmifrar-me ao máximo para educar os meus filhos para sentirem empatia pelo próximo e para encontrarem a felicidade em coisas que não sejam o poder sobre outros, o querer ter mais que os outros e a intolerância para com todos os que não partilhem as mesmas ideias e opiniões que eles.
A única coisa que podemos fazer, parece-me, é tentar que os nossos filhos causem o minimo de dano ao mundo. Porque, sinceramente, os homens de hoje, parecem-me estranhos.