TPC de Creche ou Expressão Plástica For Dummies
Na reunião de pais na creche para onde a Lara entra este ano, deram-nos uma boneca fotocopiada para decorar.
O objetivo era criar algo para a Lara se lembrar de nós, com uma mensagem de encorajamento dos papás e o trabalho de expressão plástica mais bonito que o nosso talento pudesse criar.
Como eu não sei onde é que aquilo vai estar exposto e durante quanto tempo, fiz um esforço grande para fazer surgir o Andy Warhol que há em mim e decorar aquilo de uma forma mais ou menos aceitável. Não quero que a miúda tenha problemas de autoestima em adulta porque os pais lhe deixaram um desenho foleiro na sala de exposições da escola.
Pus-me a imaginar todos aqueles pais designers, artistas plásticos e arquitetos a criarem verdadeiras obras de arte, e fiquei logo cheia de nervos. De modo que libertei o Milton da tarefa de me ajudar e transformei a mesa da sala num autêntico cenário de guerra durante duas horas: aquilo era cola, tesoura, papeis coloridos pelo chão, brilhantes pelo ar, enfim...
Terminada a obra, de acordo com uma técnica a que chamarei de mista com colagens de materiais diversos, chegou a altura de pensar na mensagem inspiradora que iríamos deixar para a nossa filha de 17 meses.
Pensei em usar uma frase do "Pequeno Príncipe".Uma que apela a algo em que acredito verdadeiramente e instiga o pensamento crítico:
"Só existe uma liberdade, a liberdade do pensamento."
ou outra que poderia ser bem mais útil e não apela tanto à potencial desobediência: "Tenho o direito de exigir obediência, porque as minhas ordens são sensatas."Aposto que o senhor Antoine de Saint-Exupéry inventou esta para os filhos.
Depois comecei a pensar melhor, vá a pensar com o coração, e achei que a minha filha merecia mais do que uma citação de outra pessoa. Bolas, quero acreditar que ela tem uns pais criativos.
Andava eu a pensar num poema complexo e sentimentalão para lhe escrever quando o Milton, munido da bagagem de 1000 kg de lógica com que anda sempre, lança no ar a problemática da Lara não saber ler aos 17 meses (e ser pouco provável que aprenda durante o próximo ano), pelo que lhe será indiferente ter ali uma mensagem em português ou em russo.
Então lembramo-nos de lhe deixar uma mensagem que seja ao mesmo tempo perceptível, agradável, motivadora e muitíssimo inspiradora... as nossas fronhas sorridentes, pois claro.
Ficou assim: