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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 25.07.24

Tive vontade de partir aquilo tudo à martelada

pet-6877246_1280 (1).jpgUm dos meus maiores desafios na maternidade é assistir às discussões dos meus filhos. Quem teve irmãos, ou tem filhos de idades próximas, dirá que não é nada de especial e, de facto, não é.

Não são discussões demasiado violentas (embora haja ocasionalmente chapadas e pontapés), nem demasiado frequentes, mas mexem muito com os meus nervos. Creio que não estou errada ao relacionar esta minha baixa tolerância às discussões a alguns traumas de infância. Simplesmente, deixa-me quase em pânico ver pessoas de quem gosto a discutir.

Assim, quando estou sozinha com os miúdos e eles começam a discutir por qualquer ninharia - normalmente pela utilização de brinquedos eletrónicos, como o iPad ou a consola - eu ajo de uma forma quase irracional. Praticamente, tenho surtos nervosos. Não sei como é que ainda não desmaiei de nervos.

A última discussão agravou-se pelo facto de eu estar bastante ocupada e a precisar de silêncio, algo que já tinha previamente falado com os miúdos. De repente, a Lara estava a brincar com o drone, que eu tinha dito para não usarem devido ao barulho irritante. Tirei-lhe o drone e ela reagiu muito mal, gritando e fazendo uma grande birra.

Bom... de forma completamente irracional, fiquei tão irritada que tive vontade de partir tudo o que fosse eletrónico naquela casa. As discussões mais exacerbadas são sempre por causa de um tablet, um jogo eletrónico qualquer, um drone ou qualquer coisa que precise de uma bateria. 

Então, agarrei em todos os eletrónicos que encontrei e arrumei-os no canto mais fundo e escondido do armário mais alto da casa. Por tempo indeterminado. Deixei de fora apenas o piano e a televisão.

Desde então, os miúdos têm visto televisão depois do almoço e, no restante tempo, dividem-se entre brincadeiras improvisadas e tocar piano, flauta e viola (basicamente, a única que toca é a Lara, mas os outros divertem-se a fazer barulho e dizem que têm uma banda. São uns fofos). Fazem colares e pulseiras, jogam jogos de tabuleiro, brincam aos psicólogos, às lojas e aos restaurantes, fazem atividades em livros, jogam uno numa tenda que improvisei no quintal com lençóis velhos e uma mesa de madeira, e chapinham numa piscina insuflável que temos no quintal. Na loucura do tédio, o Eduardo põe-se a aspirar a casa, porque diz que o pó o faz espirrar.

E assim temos andado, com a casa transformada num quartel.