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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Seg | 13.09.21

Temi desmaiar umas quatro ou cinco vezes no caminho de volta... mas foi bem bonito.

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Tirei um dia de férias e fui com o Milton fazer o trilho da Rocha da Relva, que fica muito perto de Ponta Delgada e que ele tinha feito, sozinho, uns dias antes.

Já não fazia um trilho sem crianças há uns 8 anos, de modo que este passeio me soube pela vida.
 
Logo antes de começarmos vimos chegar um rapaz de uns 10, 12 anos, suadíssimo, seguido pelo seu ofegante pai. Confesso que pensei que deviam estar em baixo de forma, não me estava a ver ficar naquele estado com uma caminhada de 2 horas. Ah, a doce ingenuidade.
 
Começamos a caminhar com entusiasmo e confiança.
 
Descemos tranquilamente até à Rocha da Relva, contornando grandes cocós de um animal grande num caminho muito pitoresco de cimento e pedra, contornado por uma uma paisagem deslumbrante sobre o mar.

Passámos por quintas e casinhas muito pitorescas e fomos acompanhados, a determinada altura, por um atrevido grupo de gatos de várias idades diferentes, mas suficientemente semelhantes para podermos concluir que eram todos aparentados.

A determinada altura encontrámos a ruína do que outrora havia sido uma casa com uma vista privilegiada sobre o mar. Sinto-me muito idiota, agora, ao perceber que não tirei nenhuma foto da ruína. Teria dado umas fotos fantásticas.

A meu favor digo que estive a apreciar o momento e a paisagem, andando pelas divisões da ruína, olhando pelas janelas e imaginando como seria viver ali, há dezenas ou centenas de anos atrás. De certeza que se comia basicamente o que a terra e os animais davam. Se calhar, e tendo em consideração o caminho difícil para sair dali, não se passeava muito. Provavelmente os dias eram sempre iguais. Depois, de cada janela, via aquele mato azul e infinito do mar e refletia sobre se as pessoas que ali viviam sentiam necessidade de sair dali.

Ao passar para a zona exterior da casa, vejo um tanque de lavar a roupa feito de pedra e comecei a fantasiar como seria criar ali 3 filhos, lavar ali a roupa, à mão, com aquela vista magnífica. Imaginei-me a ir apanhar a comida à horta, tomar conta das crianças e fazer disso a minha vida. Nunca me lembro de alguma vez na vida, me ter passado pela cabeça uma situação dessas como desejável. Será da idade? De repente, uma vida simples e tranquila pareceu-me algo muito interessante. Eu,  que tenho saudades de Lisboa quase todos os dias desde que saí de lá.

Bom... continuámos o passeio, foi muito giro e, depois de um breve descanso numa zona muito arranjadinha com mesas,  informações sobre a zona e casas de banho muito jeitosas, fizemos o caminho de volta... sempre a subir.

Confesso que, a determinada altura, com o coração a bater a mil à hora e a duvidar da capacidade dos meus pulmões de aspirar o ar suficiente para continuar ereta, ponderei fazer o caminho de gatas. Foi árduo, pessoas. O facto de estar um daqueles dias de sol em que se está bem é na praia não tornou a subida mais agradável.

Posto isto, diria que vale muito a pena fazer este trilho. É muito bonito, muito pitoresco e tem a vantagem de não se encontrar quase ninguém por ali. Passámos por apenas meia dúzia de pessoas no caminho.

Depois deste passeio refleti bastante sobre a pertinência do minimalismo. Duvido que vivam ali muitos consumistas desenfreados. Nem sei bem como é que as pessoas levavam o material de construção para ali e como levam ainda as mercearias, as roupas e coisas básicas. E o lixo? Como fazem a recolha? O melhor é não produzir muito.



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