Têm mesmo que fazer isto pela saúde dos vossos filhos.
E pela vossa também.
Eu sou muito chata com estas coisas da saúde. Sou mesmo. Sou até um pouco hipocondríaca mas acho que nisto não estou a ser exagerada.
Falo de seguros de saúde. Qualquer um que seja adequado a vós, ao que pretendem e às vossas possibilidades. Façam para os vossos filhos e façam para vocês também.
O seguro que tenho faz parte do meu contrato de trabalho. A seguradora do Milton e das minhas filhas é a mesma. Se assim não fosse, de certeza que tinha seguro de saúde na mesma.
Podia contar-vos muitas histórias sobre o Sistema Nacional de Saúde, em especial sobre o atendimento em serviços de urgência. São histórias minhas e de pessoas que me são muito próximas, histórias que eu sei que são reais porque se passaram comigo ou à minha frente. Mas acredito que quase toda a gente conhece histórias semelhantes ou por terem passado por elas, ou por as verem nas notícias. Não vos conto as histórias mais graves porque não quero expor a privacidade de outras pessoas mas saibam que ter acesso a um serviço médico privado pode salvar-vos, literalmente, a vida.
O problema é que, quando somos atendidos num serviço privado e precisamos de fazer exames e análises, podemos ter que pagar um salário inteiro de uma só vez, ou mais. É por isso que é muito importante ter um seguro de saúde que nos permita ter acesso a serviços de saúde privados a preços razoáveis.
A história que vos conto a seguir não é grave, felizmente.
A minha filha de 2 anos e meio teve uma infeção bacteriana que lhe causou uma faringite e duas otites. Foi à pediatra e ficou em casa durante uma semana.
A Maria, de 5 meses, começou a ficar adoentada poucos dias depois. Uma tosse e uma ranhoca no início. Depois veio a febre. Depois veio a respiração acelerada, a falta de apetite e o abatimento. Era fim de semana e ligámos à pediatra que nos aconselhou a ir ao hospital ver se ela tinha uma bronquiolite e, em caso positivo, fazer vapores.
Assim fizemos.
Já estava medicada para a febre quando lá chegámos e ficou com uma pulseira verde.
Já passava das 22h00 e o hospital estava cheio.
Na sala de espera da pediatria estavam umas 5 ou 6 crianças acompanhadas pelo pai ou pela mãe.
Curiosamente éramos o único casal (se calhar porque só deixam entrar uma pessoa mas, mesmo assim, achei estranho).
Comecei a ver as crianças a serem chamadas e, estranhamente, a regressarem 3 minutos depois. Chegou a nossa vez e o médico disse-me para deitar a Maria e deixá-la de body. Ele viu-lhe os ouvidos e olhou para a barriga dela. Eu falei nas dificuldades respiratórias e ele disse que não estava a verificar dificuldades respiratórias nenhumas. Ele nem a auscultou parece-me, nem lhe viu a garganta e mal lhe tocou. A única coisa que o vi a ver foi os ouvidos e a tocar no peito dela, levemente, com o indicador. Falei nos vapores e ele disse: “Nada de vapores”.
Saí 3 minutos depois de ter entrado com a recomendação de dar supositórios para a febre e voltar se a febre não baixasse em 3 dias.
A sentir-me muito parva por ter ido ao hospital, lá voltei para casa, onde a minha sogra ficou a tomar conta da Lara que ainda estava adoentada.
No dia seguinte fui à pediatra com a Maria. Tinha uma bronquiolite bacteriana e uma faringite.
Já está a tomar antibiótico e a fazer vapores.
Caramba pá!
Vi lá crianças visivelmente mais adoentadas que a Maria que estiveram lá tão pouco tempo como ela. Será que aquelas mães também vão consultar um pediatra ou vão simplesmente aceitar o que aquele médico disse?
Eu sei que os médicos e outros profissionais de saúde têm muito más condições de trabalho. Eu percebo mesmo isso, mas caramba! Estão a lidar com crianças e, muitas vezes, com pais desinformados. Como é que aquele médico nem lhe viu os pulmões e a garganta? Isso era o mínimo a fazer (digo eu, que não percebo nada de medicina).
Como é que aquele homem dorme à noite?
Eu não percebo.
Quando percebi que a Maria tinha bronquiolite nem fiquei zangada com o médico do serviço de urgência. Fiquei chocada e preocupada com todas as crianças (e adultos porque acho que ele nem era pediatra) que são atendidas por ele e confiam que ele está a fazer um bom trabalho. É por isso que escrevo este texto. Porque há mais situações assim. Muitas mesmo. E não posso simplesmente calar-me (e dormir bem à noite).
Não me interpretem mal. Já fui muito bem tratada no hospital, tenho uma médica de família que é uma querida e de quem gosto bastante, e conheço excelente médicos. São mais ou bons do que os que não o são. Não podemos julgar o todo por uma parte. Bons e maus profissionais existem em todas as áreas.
Mas acreditem que, em caso de necessidade, vão querer ter a possibilidade de escolha, de pedir uma segunda opinião, de ter um médico que vos atenda o telefone de noite, ou ao fim de semana e se mostre verdadeiramente interessado nos vossos filhos. Se um dia não forem bem atendidos ou tiverem dúvidas, vão querer ter alternativas.
Por favor, se puderem, façam um seguro de saúde.