Estávamos os três na cozinha: eu, o Eduardo e a Lara. Tinha acabado de estudar com a Lara sobre a formação de Portugal, quando o Eduardo, curioso como sempre, fez uma pergunta qualquer. Respondi sem pensar muito: — Eduardo, Portugal existe porque D. Afonso Henriques brigou com a mãe. Ele franziu a testa, pensou um pouco e, com toda a seriedade, concluiu: — Então isso quer dizer que foram os dois para o gabinete. Claramente estava a lembrar-se do que acontece na escola quando (...)
Agora que os meus filhos estão mais crescidos, as questões que os envolvem começam a tornar-se um pouco mais complexas do que mudar fraldas ou ter de dar atenção a três crianças pequenas ao mesmo tempo. Os meus três filhos são absolutamente diferentes entre si. Têm diferentes afinidades uns com os outros, e isso é maravilhoso. Gosto muito que assim seja, mas, por vezes, é complicado ter de me focar em tantas questões ao mesmo tempo. Ora vejamos: Neste momento, tenho os três (...)
Se há algo que a maternidade nos ensina, é que, se queremos que os nossos filhos adotem determinados comportamentos, temos de ser o melhor exemplo desse comportamento. Eu, no entanto, funciono um pouco ao contrário. Tenho algum receio das características menos positivas da minha personalidade que os meus filhos possam herdar, por isso, ao invés de ser o exemplo do que se deve fazer, acabo por me dar como exemplo do que nãose deve fazer. E, sim, faço questão de lhes dizer que (...)
Os meus filhos têm 6, 8 e 10 anos e, este ano, todos regressaram às aulas, cada um numa fase diferente. A Maria, de 8 anos, começou o 3.º ano na mesma escola, com a mesma turma e professora. Tudo tranquilo. Ela já conhece toda a gente, é boa aluna e não se prevêem complicações. O Eduardo, de 6 anos, entrou para o 1.º ano. Continua na mesma escola e com a mesma turma, mas agora com um novo professor. Tendo em conta que ele adora fazer atividades nos livros e estava ansioso por (...)
"Fazer queixinhas é feio." ou "Não quero que faças queixinhas." Já repeti estas frases aos meus filhos vezes sem conta, principalmente quando fazem queixas uns dos outros, por motivos que, do alto da minha amnésia sobre o que é ser criança, considero tolos. Depois de pensar um pouco melhor, explico-lhes a diferença entre a denúncia necessária e a intriga. É importante ensinar aos nossos filhos que é errado dizer alguma coisa apenas com o objetivo de prejudicar alguém como: (...)
De manhã, no carro, surgiu o tema. Devo ter perguntado aos meus filhos, como faço ocasionalmente, se alguém lhes batia na escola. Não coloco muito peso na pergunta. Na verdade, tento falar disso de uma forma descontraída, como se estivesse a falar de uma banalidade qualquer. Não quero que eles achem que precisam de me esconder alguma coisa que se passe na escola. Em menos de nada começaram a contar as suas histórias. E, pelo que conheço deles e pelo que vou perguntando às (...)
Hoje vou falar do Eduardo, mas o mesmo se aplica à Lara e à Maria, aos seus professores, auxiliares e a todos os que trabalham na escola que eles frequentam. Faço referência a apenas três episódios (de muitos mais que existem, todos os dias), porque são os mais recentes. Apenas por isso. Muitos são bastante privados e não tenho a certeza de que possa mencioná-los aqui, por isso não o faço. 1- O Eduardo esteve uma semana em casa com gripe A. No dia em que voltou à escola (...)
A professora da Lara, que é a professora mais querida que poderíamos desejar para os nossos filhos, faz uma coisa muito gira no aniversário dos miúdos. Pede a todos os meninos que façam um desenho para o aniversariante. Se quiserem, podem deixar uma pequena mensagem também. Assim, a Lara trouxe para casa um caderno, com as folhas presas com uma bonita fita, com desenhos e mensagens de todos os colegas, e também um da sua professora. Achei a ideia mais amorosa de sempre.
Um dia uma amiga disse-me que os resultados do nosso trabalho na educação dos filhos demoram a chegar mas, quando chegam, são muito compensadores. A verdade é que, se um dia pensei que educar pessoas era fácil e até divertido, rapidamente me desfiz dessa ilusão. É desafiante! Muito mesmo. E, educar três criaturas fofas ao mesmo tempo, tem questões muito peculiares. Eles unem-me para nos desafiar, fazem mais confusão, pedem mais atenção, entre muitas outras coisas. Claro (...)
Lembro-me vagamente do meu primeiro dia de escola. Lembro-me de estar num pavilhão grande cheio de pessoas, com a minha mãe, e a determinada altura chamarem o meu nome para me juntar a um grupo de crianças que seriam da minha turma. Havia muitas crianças a chorar e eu não entendia porquê. Eu não chorava. Eu nem percebia bem o que estava a acontecer. Tinha 5 anos e não me recordo de me terem falado muito na escola. Não estava receosa nem entusiasmada. Não sabia bem ao que (...)