Tenho três filhos com idades próximas. Não passa um dia sem que eu pense que poderia e deveria ser uma mãe melhor e uma pessoa melhor. Deveria gritar menos, ser menos controladora, dar-lhes mais doces, brincar mais com eles, ensiná-los mais coisas, estar mais bem-disposta, mais bonita, mais penteada. Deveria esforçar-me mais para cozinhar melhor, tirar melhor as nódoas das t-shirts brancas, lembrar-me sempre do protetor solar e deixá-los arriscar mais… Mas, às vezes, opto por (...)
Também vos acontece isso? Há dias em que o esforço mental necessário para agir de forma mais ou menos normal me esgota completamente. Há dias em que até lidar comigo própria é difícil. Acho particularmente complicado lidar com pessoas que dizem coisas que não fazem sentido nenhum para mim. Nessas situações, é como se estivessem a falar debaixo de água; eu até perco a capacidade de ouvir. E essas pessoas não têm culpa nenhuma, apenas estamos a olhar para diferentes partes (...)
Tenho passado muito tempo a gritar com os miúdos. Os meus vizinhos saberão. Esforço-me por evitar. Mesmo. Acho que temos melhorado alguma coisa, mas sinto-me meio louca quando tento dizer-lhes calmamente para pararem de se agredir uns aos outros (por exemplo). -Olha Lara, querida, pára de pontapear a tua irmã. -Eduardo, fofo, não arremesses esses objetos rijos em todos os sentidos, muito menos na direção de seres humanos, está bem? Às vezes não dá. Nota-se muito que (...)
Foto de Jessica Lewis. Estamos nisto há mais de um ano. Escolas fechadas, miúdos em casa, teletrabalho. Há dias melhores que outros, mas, em geral, lá nos vamos safando como podemos. Não temos muito do que nos queixar, afinal temos saúde, estamos juntos e seguros. Temos emprego, um teto e comida na mesa. Sinto-me (...)