Sobre resoluções
Há 20 anos, trabalhei numa loja de roupa no Colombo.
Era uma loja de roupa de criança, um pouco mais cara, por isso não atraía demasiadas pessoas. Isso fazia com que passasse por longos períodos sem movimento, de aborrecimento total, que eu tentava colmatar fazendo pequenos riscos verticais num papel a cada meia hora, como via os prisioneiros fazerem nos filmes.
Era a minha forma de confirmar que o tempo ia passando, apesar da minha mente sentir que ele tinha congelado naquele tédio interminável, em que ficava sentada num cesto de roupa atrás do balcão, à espera que chegasse a meia-noite para apanhar um autocarro para Odivelas.
Hoje, apetece-me voltar a fazer esses riscos verticais num papel por cada meia hora que passo sem gritar ou me enervar com os miúdos. Essa é uma das minhas resoluções: gritar menos com os miúdos (que são, aliás, as únicas pessoas com quem grito).
Curiosamente, esta resolução nem exige ação — mas sim a sua ausência. Tudo o resto, como alimentar-me melhor, fazer mais exercício físico ou perder dois quilos, já são coisas que tenho vindo a fazer há anos. 😁
Desta vez, estou a procurar ser simples e minimalista nas resoluções. Pode ser que, assim, me consiga focar melhor. Acredito que esta mudança me serve melhor — a mim e às pessoas que mais me importam.
E vocês, têm alguma resolução que queiram partilhar?