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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Dom | 01.12.19

Sobre música, concertos e a descoberta do David Fonseca

David-Fonseca_Radio-Gemini_White-Balls-by-David-Fo

 

Quando era adolescente ia àqueles concertos das festas populares ou então a concertos, em Santarém, dos Xutos e Pontapés, dos Silence 4 ou qualquer outra banda "da moda". Nem precisava de ser da moda porque eu não queria saber da música para nada. Ia aos concertos porque estaria lá alguém que me interessava ver, ou com quem queria estar, e o concerto não era mais que um ponto de encontro.

Assim se gastava dinheiro em bilhetes... É o que dá ter 16 anos e poucos sítios onde ir.

Nessa altura também íamos a concertos de bandas de amigos, num bar qualquer, e esses eram os melhores, os mais divertidos e os mais sentidos. Tal como acontecia na situação anterior, eu não queria saber da música para nada, mas conhecia os músicos, estava por lá alguém que me interessava e o ambiente era fantástico! Toda a envolvência dos concertos era gira e o convívio com aquelas pessoas mais velhas era fascinante para uma miúda de 16 anos.

Era assim aos 16 anos.

A partir dos 20 e poucos anos, quando fui viver para Lisboa, já tinha uma relação diferente com a música. A música tornou-se uma coisa muito séria para mim. Basicamente a música tornou-se o fio condutor da minha vida, a minha inspiração máxima, a minha filosofia e o meu guru. Do ponto de vista do consumidor, claro está, que nunca toquei bem nenhum instrumento (nem tentei, a bem-dizer). Penso que a música é demasiado importante para me colocar com brincadeiras.

Nesta altura eu ia a concertos frequentemente, mas sempre muito bem selecionados e de bandas e músicos que considerava fenomenais (eu ou quem me influenciava musicalmente, e muito bem, na altura). Estes concertos eram experiências transcendentais.

Depois deixei de viver em Lisboa e deixou de ser tão simples ver os concertos que queria.

Estou, agora, numa fase engraçada em que saio muito pouco, mas aproveito cada oportunidade para sair e ver um concerto. Qualquer concerto. Assim tenho conhecido boa música de bons artistas portugueses, e tenho percebido que tenho sido uma grande inculta.

Recentemente tive oportunidade de ir ao espetáculo "Radio Gemini" do David Fonseca e fiquei chocada, quer com o facto de ter gostado tanto do que vi e ouvi, quer pelo facto de parecer a única pessoa da sala que não conhecia as músicas. Praticamente nenhuma. 

Senti um grande orgulho alheio pela qualidade do trabalho do David Fonseca (não é só vergonha alheia que se sente, não é?). E uma certa vergonha por nunca o ter ouvido "como deve ser". A última (e única) música de que me lembrava vagamente dele era a "The 80's".

Não juro que me vá tornar uma admiradora feroz do senhor, mas gostei mesmo muito de conhecer músicas como a "Oh my Heart" que é bem gira, fofinha e fica logo "no ouvido" e na cabeça. Esta é daquelas músicas que andamos a cantarolar o dia todo, mas nem nos importamos nada com isso.

Concluo com esta conversa toda que tudo tem a sua razão de ser e, neste momento em que não posso ter as experiências musicais que desejaria, acabo por cruzar-me com músicos e experiências performativas fantásticas que nunca conheceria de outra forma.

 

PS: Realmente fiquei impressionada com a qualidade do trabalho do David Fonseca. Não é o género de música que mais aprecio, mas é impossível ficar indiferente à performance, à qualidade e à criatividade do que ele faz.

 

 

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