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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Seg | 14.04.25

Sobre estes dias que voam...

Eduardo 7 (2).jpg

Lembro-me bem de ter 5 anos. Lembro-me de ter a cabeça cheia de dúvidas existenciais, questões filosóficas tão grandes e abrangentes que ainda hoje vivem na minha mente.

Curiosamente, o Eduardo, agora com 6 anos, parece ser o meu filho que herdou essa veia filosófica da mãe.

Entre as suas muitas perguntas de caráter mais prático, como: “Como é que os peixes respiram?” ou “Como é que vou ganhar dinheiro quando for crescido?”, surgem outras como: “Existe um espírito no meu cérebro a comandá-lo para que eu me possa mexer?” Vejo aqui qualquer coisa do filme DivertidaMente.

Agora, o Eduardo está a aprender a ler e, todas as noites, lê (ainda de forma lenta e atrapalhada) um dos seus livros. Surpreende-me que queira sempre ler o livro até ao fim, mesmo com os desafios que isso ainda representa.

Fico a olhar para ele e não consigo evitar uma certa angústia pela forma rápida como o tempo passa. Ele é o meu filho mais novo e, ainda ontem, estava com a Lara pequenina em casa, a ensinar-lhe todas as letras do alfabeto — ela ainda não tinha 2 anos. Ainda assim, o maior interesse da Lara era trepar paredes e divertir-se a criar coisas. A confiança e a capacidade para se divertir são o que melhor a distingue, embora muito mais se possa dizer sobre ela.

Depois veio a Maria, já tão atenta, perspicaz e exigente desde bebé. A Maria ficava na cadeirinha, ainda sem saber andar, a observar atentamente tudo o que estava à sua volta. É tão exigente consigo própria e com os outros que, às vezes, sinto que tenho um pequeno general em casa.

Ao Eduardo, não ensinei praticamente nada. Provavelmente, muitos dos seus amiguinhos já sabiam ler antes do 1.º ano. O Eduardo aprendeu tudo na escola. Ainda não lê muito bem, mas é muito esforçado. Consegue focar-se numa tarefa e levá-la até ao fim, mesmo quando fica frustrado. Nunca acha que as coisas estão bem feitas, mesmo quando estão ótimas. Não aceita elogios de ânimo leve e acha sempre que pode fazer melhor. O facto é que ele só começou a aprender a ler há 6 meses.

Eu, que sou tão pouco focada como um peixe e tenho uma aversão gigante a trabalho repetitivo, fico admiradíssima com a capacidade de trabalho e de foco de um menino tão pequenino.

E fico mais admirada ainda com a velocidade a que estes miúdos crescem e se transformam em pessoas, mesmo à nossa frente.

Olho para os meus filhos e vejo-os tão melhores do que eu, tão mais inteligentes e cheios de possibilidades, que me comovo sempre com a mera hipótese de estar a fazer um trabalho minimamente decente com eles.

Nunca me considerei uma pessoa especialmente dotada, mas coloco tudo o que tenho e tudo o que sou na educação destas três pessoas que tenho a inacreditável sorte de ter como filhos.