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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qua | 29.01.25

Sobre a questão do “alegado” desvio das malas

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Sobre esta questão, que está a ganhar uma popularidade desmesurada em relação ao interesse público que tem comparado a outras questões, apraz-me opinar um pouco.

Sou a antítese de um simpatizante do Chega. Discordo de praticamente tudo na postura do partido. Não me identifico em nada com as pessoas que votam no Chega, embora tenha algumas entre pessoas chegadas e de quem gosto (todos têm aquele tio do amigo e aquele amigo do amigo).

Não acho que quem cometa pequenos ou grandes delitos possa passar incólume.

Sou totalmente contra a imposição de limites no humor. O limite é colocado por cada um de nós. Gostamos, vemos; não gostamos, não vemos.

Já votei muito em branco e, muitas vezes, chega o dia de votar e eu não sinto confiança em absolutamente ninguém e só voto por respeito a quem lutou muito para que eu possa fazer. Embora também respeite o direito de quem não deseje votar.

Mas, ao ver tudo o que tem sido feito à volta desta história, não consigo deixar de pensar: “Mas a quem é que interessa que estejamos todos concentrados nesta história (pequena e irrelevante em relação a muito do que se passa no mundo e que nos devia afligir a todos)? Isto sem falar demoradamente da abominação que é, para mim, o que se passa nas redes sociais, onde rolam cabeças virtuais e onde o povo se glorifica na desgraça alheia. Parece que existe uma sede interminável pelo sangue virtual que vai  escorrendo da honra e da dignidade de quem acabou por se encontrar numa situação menos abonatória (em que se colocou, é certo).

Claro que é uma história extremamente caricata e que se oferece toda ao humor. Concordo e também me ri muito. Nos primeiros dois dias e nas primeiras vinte obras criativas que vi sobre o caso. Depois, comecei a sentir que era demais.

Quanto tempo levará até que o povo se canse disto?
Haverá alguém, por um segundo que seja, que se lembre de que o homem visado tem família, mulher e filhos que não pediram para estar nesta situação e acabam por ser arrastados para isto de forma cruel e gratuita? Mesmo que o senhor tenha sido infeliz nas declarações que prestou, não será humano colocarmo-nos um pouco no lugar dos outros?

Não sei. Digam-me vocês.