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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Ter | 01.09.15

Sim, a minha filha de 17 meses usa o iPad

crianças e iPad

 

Aplicação gratuita "A Quinta"

 

E sim, eu já achei mal, o facto de algumas mães darem o iPad aos seus filhos na hora da refeição, ou em outras alturas, só para os distraírem. Sim, eu já me arrependi de quase todos esses pensamentos que tive quando ainda não era mãe.

 

Agora, penso de forma diferente, mas sei (e respeito) que existem opiniões diferentes da minha e pessoas que encaram as iCoisas como perniciosidades tecnológicas que podem tornar os filhos num sociopata em menos de 5 minutos.

 

Nas últimas férias que fizemos a Lara tinha 15 meses. Ela é, felizmente, uma bebé muito mexida e ativa, anda sempre de um lado para o outro e não pára quieta um segundo, a não ser que esteja mesmo muito entretida.

 

Em restaurantes e cafés, ou está a dormir e nós, pais, estamos em êxtase total a beber um café e a ler um livro calmamente, ou está acordada e um de nós bebe café sozinho, enquanto o outro engole o café apressadamente enquanto tenta impedir que a Lara suba a cadeiras e meta "conversa" com todas as pessoas que lhe apeteça abordar.

 

De modo que nas férias, optámos por tomar as refeições a quatro: eu, ele, a Lara e o Pocoyo.Até pode ser mania da perseguição da minha parte, mas posso jurar que vi (principalmente da parte de mulheres) olhares horrorizados na nossa direção. Como se fossemos péssimos pais, que estavam ali a conversar animadamente e a enfardar comida como uns animais, enquanto a coitada da miúda estava especada a olhar para um ecrã.

 

Pois... O facto é que, se não fosse esse ecrã, comíamos sempre sozinhos enquanto o outro ficava a passear a Lara no jardim do Hotel, a comida da Lara seria mastigada muito mais devagar e com direito a enfeites de sopa nas nossas cabeças e as pessoas no restaurante (inclusive as mais criticas) seriam brindadas com uma sinfonia bem aguda e pouco agradável.

 

Ao contrário do que dizem... o iPad não serviu para nos afastar na refeição, serviu para nos permitir fazer uma refeição a três, sossegados.

 

Em casa, num ambiente que lhe é familiar, ela já come à mesa connosco muitas vezes, sossegada. Outras vezes não e lá deixamos que veja uns desenhos animados no iPad. Ela é pequena e acreditamos que não faz sentido tentar fazê-la ficar quieta num restaurante, num ambiente que lhe é estranho e com uma rotina completamente diferente àquela a que ela está habituada. Se calhar, não foi a melhor opção, não podemos sabe-lo. Na altura foi o que nos pareceu melhor.

 

Quando estou na cozinha e preciso de lavar a loiça, às vezes, poucas vezes, deixo-a pintar um desenho digital, com tinta digital e limpa, no ecrã do iPad. Sinto-me demasiado cansada para andar a lavar paredes se lhe der uma caneta real.A Lara já tem as suas aplicações favoritas. Agarra no iPad e coloca o jogo que quer e joga-o com a naturalidade de quem sabe o que está a fazer.Se tenho medo que ela se aliene do mundo real por usar o iPad? Nem por isso.A Lara aborrece-se ao fim de cinco minutos. Prefere pintar com canetas e papel do que no ecrã. Prefere empilhar cubos de plástico do que cubos digitais. É instintivo, ela vai sempre preferir o mundo real, aquele que pode ver em 3 dimensões, cheirar e sentir.

 

Quantas vezes por semana a Lara toca no iPad? Não sei se chegam a ser duas, e nenhuma por mais de 5 ou 10 minutos. Não liga muito, não está habituada. Sim, o iPad não faz parte da rotina dela. Por estranho que pareça não é um objeto tão viciante que, usado meia dúzia de vezes, deixa os miúdos inevitavelmente presos a um ciclo de horas diárias de utilização doentia.

 

Todos os dias brinco com a minha filha, corro com ela mesmo quando estou cansada, descrevo os vegetais, as partes da casa, as partes do corpo e todas as pequenas coisas existentes num livro infantil, com o entusiasmo (quero eu acreditar) de quem está a ler a novidade mais interessante do mundo.

 

Existem alturas, no entanto, em que me sinto muito feliz por existir o iPad e por poder fazer um uso, que acredito ser racional e inteligente, dele.

 

As más ações estão nas pessoas que, por vezes, não se controlam e não sabem fazer um uso vantajoso dos objetos, a culpa não é dos objetos.

 

Por mim, estou bastante satisfeita com o iPad. Ele só serve para o que serve. Não se intromete no tempo que deve ser (e é) usado em outras coisas que eu sei que são  bem mais interessantes.

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