Resumo de um feriado: 3 cascatas, algumas quedas e boleia com desconhecidos
Com um fim de semana prolongado em vista, já que o dia 25 de abril calhava numa segunda-feira, o Milton sugeriu que fizéssemos com os 3 miúdos (Lara de 8 anos, Maria de 5 anos e Eduardo de 3 anos) uma caminhada num trilho de que ouvira falar: O trilho do Moinho do Félix.
Não sei se percebi o que quis perceber ou se o Milton não se explicou bem, mas o que entendi foi mais ou menos isto:
- Seria uma trilho circular, curto, adequado a crianças pequenas e que passava, a determinada altura, por uma cascata.
Estava entusiasmadíssima com a ideia e, de facto, o dia 25 de abril, acabou por ser memorável, embora não da forma que eu tinha imaginado.
Ora no dia 25 de manhã preparei um lanchinho com bolos lêvedos, água, preparei roupas extra, casacos, fatos de banho, toalhas e protetor solar.
Saímos de casa pelas 9h00, meia hora depois do planeado, e ainda parámos para beber mais um café.
Estacionámos o carro no local previsto, perto de uma igreja, e iniciámos o trilho caminhando por uma estrada da Lomba de São Pedro.
Ainda parámos num pequeno parque de merendas de beira de estrada para lanchar, o que achei desnecessário, mas se havia de revelar a coisa mais acertada que fizemos.
Rapidamente entrámos numa floresta de árvores altíssimas, vegetação luxuriante e um caminho pedestre muito bonito, assinalado com limites de madeira. Toda a paisagem envolvente era maravilhosa e totalmente digna de um Conto de Fadas cheio de duendes, capuchinhos vermelhos e lobos mais ou menos maus. Começámos logo a ouvir água a correr e, pouco tempo depois, demos com algumas nascidas de água e um ribeiro. Até achámos que já tínhamos chegado a uma das cascatas do trilho (eram três, afinal), mas descobrimos depois que aquela pequena queda de água não era uma das cascatas.
Isto processava-se da seguinte forma: o trilho era circular e tinha, com a distância de alguns metros ou um pouco mais, uns desvios para ver as cascatas. Descíamos para ver as cascatas e voltávamos a subir, para regressar ao trilho até ao próximo desvio para ver cascatas.
Apesar de ser sempre a descer e a subir degraus no meio de uma floresta, o trilho não era difícil. Estava tudo bem assinalado e o caminho era bom. As cascatas eram muito bonitas, cada uma mais bonita que a outra e os miúdos adoraram. Claro que quiseram molhar os pés, atravessar as ribeiras e mandar pedras à água, mas nós alinhámos nisso tudo e, entre ralhetes para não se colocarem em situações de perigo, lá fomos molhando os pés em todas as cascatas.
Bom… eu molhei um pouco mais que os pés porque estava muito mal equipada com um ténis de sola branca extremamente desadequados para a caminhada. De modo que, ao atravessar um ribeiro com os miúdos, escorreguei numa pedra e molhei as calças, as meias e os ténis. Era isso ou partir uma perna e ficar toda molhada na mesma. Fiquei a ganhar. De sublinhar que o ribeiro tinha cerca de 20 cm de profundidade e que os miúdos atravessaram-no com toda a segurança. Eu é que estava mal calçada, por isso escorregava.
Bom… devo dizer-vos que, apesar de não ter sido a experiência mais agradável da minha vida, também não me fez grande mossa passar o resto da caminhada com os pés encharcados. A meio da tarde os sapatos e as meias já estavam secos, como se nada fosse. O calor corporal é um belo desumidificador.
Depois da segunda lagoa, começámos todos a mostrar vontade de despachar a coisa, até porque já era quase meio dia e tínhamos restaurante marcado para almoçar às 13h00. Neste clima de "pré impaciência" o Milton verificou no telemóvel que nem estávamos bem a meio da caminhada.
Fiquei um bocado apreensiva, mas nem sabia bem que até ali nem estávamos com grandes questões.
O problema foi o caminho que se seguiria. A paisagem começou a mudar e a vegetação húmida transformou-se numa terra seca e solta. Caí uma meia dúzia de vezes, graças aos ténis totalmente desadequados, e vimo-nos um pouco desconcertados para fazer algumas partes do trilho, sem caminho adequado, com as crianças. A Maria já pedia colo e a nossa sorte foi que o Eduardo, de 3 anos e meio, estava a achar aquilo tudo muito divertido e nunca se queixou. Ia à frente comigo, sempre cheio de energia e boa disposição. A Lara estava na boa, sempre bem disposta e cooperante.
Claramente começámos a perceber que aquele não era um trilho adequado para crianças. Não por ser perigoso (mais uma vez realço eu é que andava a escorregar graças aos meus ténis), mas por ter muitas subidas e descidas, o que, em ultima instância, nos poderia levar a ter que levar o Eduardo ao colo. Mais tarde, percebemos também que tínhamos feito o trilho ao contrário, começando onde era suposto terminar, por isso vimos as partes melhores logo no inicio.
Continuando.
A determinada altura, aquele trilho manhoso e seco acabou numa estrada. Já que tínhamos chegado ali, descemos um pouco a estrada para ver se a última cascata ficava muito longe. Não ficava. Descemos, num caminho que ficava perto do mar, e fomos ver a cascata do homem. Depois de vermos várias cascatas, aquela não me pareceu impressionante e não ficámos ali muito tempo. Foi o tempo de sentar um pouco, colocar protetor solar e olhar durante uns segundos para a cascata, só para não dizer que não a tínhamos observado.
Estavam por ali dois jovens nos seus 20 e tal anos, um rapaz e uma rapariga (talvez turistas) com um carro. Confesso que olhei para aquele carro com uma certa vontade de apanhar boleia.
Até porque, pelo que parecia, tínhamos uma subida enorme para fazer até chegarmos à estrada e podermos andar mais um tanto tempo até ao carro. Naquela altura já o Milton tinha mudado a reserva do restaurante para as 14h00, mas, por aquele andar, lá para o fim da tarde é que chegaríamos ao carro.
Curiosamente, apesar de termos tanto para subir com crianças pequenas, que já estavam com fome e cansadas, o desespero nunca chegou perto de nós. Nestas alturas, penso apenas nos passos que tenho que dar a seguir e, de uma forma ou outra, havíamos de nos safar.
Resolutamente, peguei na mão do Eduardo e começámos a subir.
Foi aí que o Milton me chamou, lá do fundo da estrada (eu ia lançada na subida) e disse que o rapaz nos dava boleia. Pensei durante uns segundos, em que analisei rapidamente as circunstâncias em que estávamos. Concluí que estávamos a ser bafejados pela sorte e pela empatia dos nossos semelhantes. Para os miúdos foi uma grande aventura, eles adoraram!
O rapaz, simpático e prestável, deixou-nos na vila, junto de um pequeno parque infantil, numa zona de churrascos.
Agradecemos e, dali, o Milton foi rapidamente buscar o carro a pé, enquanto os miúdos ficaram comigo a divertir-se no parque. Até uma casa de banho tinha ali. Que sorte incrível. Deu tudo certo.
O Milton chegou rapidamente e chegámos mesmo a tempo de almoçar no restaurante que tínhamos reservado.
Mudámos a roupa, comemos muito bem e ainda fomos passear a um parque de que os miúdos gostam muito.
De regresso a casa ainda tínhamos alguma genica e decidimos ir às portas da cidade ouvir uma banda de que gostamos e que estava a tocar.
Fomos para casa, já perto das 19h00. Foi só tomar banho, jantar e esparramarmo-nos no sofá a ver desenhos animados.
Em breve vou deixar-vos algumas dicas para fazerem este trilho com crianças pequenas (já que adquirimos alguma experiência) , mas , para já, deixo-vos algumas fotos.