Recomeçar a ler
Uma das decisões mais transformadoras que tomei nos últimos meses foi a de voltar a ler. Sinto que renasci.
Ler é verdadeiramente uma daquelas atividades essenciais para manter a minha saúde mental e bem-estar. É uma forma de me conectar com a realidade, apesar de esta ideia poder parecer contraditória. Às vezes, sinto-me tão absorvida pelas inúmeras obrigações quotidianas que me sinto em piloto automático, passando pelos dias com pressa, como se estivesse a viajar num comboio a alta velocidade, sem conseguir olhar pela janela nem por um segundo.
Ler é como abrir uma janela, enquanto o comboio abranda, permitindo-me imaginar as histórias que se desenrolam nas casas e nos pedaços de floresta que vou vendo ao longe. Ao mesmo tempo, consigo olhar para dentro do comboio incessante de obrigações diárias de uma forma mais benevolente e até poética, encontrando um sentido especial nas pequenas coisas.
Desde então, o difícil tem sido controlar a vontade de ler vários livros ao mesmo tempo, hábito que nunca tinha cultivado antes. Desde o início do ano, já li 25 livros, um recorde para alguém que leu muito pouco nos últimos 10 anos.
Continuo a ler de tudo, mas sinto uma atração especial por livros de suspense, daqueles que são completamente viciantes, e por outros mais poéticos, sobre pessoas e os detalhes da vida, que tornam a nossa existência mais bonita e musical.
Neste momento, estou a ler “Naufrágio” de João Tordo, mais dois que comecei e parei, e quero iniciar um de suspense para ler antes de dormir.
Ler, para mim, tem sido isto: uma viagem lenta e envolvente que me permite reconectar com o mundo e encontrar beleza nas pequenas coisas.