Quando um castigo é uma coisa mesmo boa!
Já nem me lembro das razões, só do castigo. Naquela tarde e até ao dia seguinte nada de desenhos animados (o que havia de se prolongar por vários dias) e nada de leitura de histórias.
Eu e o Milton estávamos sempre perto das miúdas, como sempre, mas elas estavam por sua conta no que dizia respeito ao seu entretenimento (embora o castigo fosse só para a Lara).
Não estávamos zangados ou de cara feia. Simplesmente explicamos que seriam aquelas as consequências de determinado comportamento e a Lara reagiu com conformismo e tranquilidade (como, felizmente e salvo raras exceções, é o seu hábito).
O que aconteceu durante a tarde e até à hora das miúdas irem dormir foi muito giro. Vi a Lara a brincar com coisas com que nunca tinha brincado antes. Foi ao baú dos brinquedos e, pela primeira vez, vi-a toda entretida a vestir as Barbies com as roupinhas que a avó fez para elas. Até me emocionei por a ver a brincar assim com bonecas, tal é a raridade da cena.
Entretanto a Lara e a Maria continuaram a brincar sozinhas, cada uma para o seu lado.
A determinada altura estão as duas enfiadas na tenda, deitadas, com almofadas e uma mantinha. Tão fofas, a rirem e a abraçarem-se todas animadas.
Nós pomos a Lara de castigo e eis que ela arranja uma maneira divertida e fofa de passar o tempo com a irmã.
É caso para dizer que este castigo veio mesmo a calhar. Tanto é que, durante dias, não voltámos a ligar a televisão. E elas nem têm pedido.
Têm brincado mais uma com a outra, pintam livros de colorir, conversam, cantam, pulam pela casa, passeiam os bonecos num carinho de passeio de brincar e nem se lembram da televisão.
É caso para dizer que o castigo saiu bem melhor que a encomenda. ;)