Pequena reflexão sobre manifestações da natureza
Cresci sem outras crianças por perto, mas rodeada de campo, flores, uma horta grande e até um pequeno pomar. Passava muito tempo a observar as flores e as suas alterações ao longo do dia, das semanas e dos meses. Observava, intrigada, as que se abriam de dia e se fechavam durante a noite. Gostava de ver os botões a dar origem a flores de todas as cores. Adorava o cheiro das cravinas e das rosas, mas encontrava no perfume dos junquilhos amarelos e brancos uma magia transcendente.
Às vezes, a minha avó dava-me uma planta pequena para cuidar, e eu adorava vê-la crescer. Tratava-a como se fosse um animal de estimação e, todas as manhãs, ia observá-la com um entusiasmo genuíno. Também cheguei a plantar pequenos canteiros de nabos e de feijão, que acabaram por dar origem a uma sopa.
Acho que é por isso que hoje encontro tanta alegria no meu pequeno quintal e na minha pequena horta. Não que esteja tudo impecável. Se existem frutos e legumes no quintal, é graças à perfeição da natureza e à gentileza de um amigo que nos ajuda com as plantações. Claro que vou plantando, regando, arrancando umas ervas e colhendo os legumes, mas o que me faz mais feliz é mesmo contemplar as plantas a crescer, a desenvolver-se e a dar fruto. Ainda encaro todo este processo como um perfeito espetáculo de magia.