Não vamos falar de baratas. Nem de melgas. Elas não cabem neste texto. Falemos de centopeias e outros insetos.

Os insetos incomodam-me cada vez menos.
Entendo-os como seres vivos que, por acaso, estão a ocupar o mesmo espaço que eu.
Não os adoro, tão pouco os odeio.
Respeito-os tanto quanto as minhas imperfeições de ser humano o permitem. Por algum acaso da natureza ou, para os crentes, por decisão divina, eu tenho, nos dias que correm, maior poder de decisão que eles.De modo que posso impor-lhes a minha vontade.

Decido, assim, que por ter adquirido o terreno onde está a minha casa, tenho mais direito a este espaço do que eles.
Sei, do fundo da alma e da mente, que não é verdade. Mesmo assim, não quero partilhar este espaço com eles.

 

Por isso arranjei uma ferramenta que os transporta, incólumes, até ao espaço que estou disposta a ceder-lhes: o meu quintal.

Nunca tenho vontade de os matar. Apenas não os quero muito perto de mim.

Tenho confiança na relação que mantenho com estes seres vivos que têm mais de um par de patas. Pouco me incomodam, estes.