Num mundo onde o tempo é um recurso escasso e o trabalho domina a maior parte do nosso dia, é fácil perder de vista o que realmente importa. E quando se trata de criar e educar os nossos filhos, percebo que é o tempo que se torna o recurso mais valioso, até mais do que o dinheiro.

Atualmente, com os horários de trabalho cada vez mais longos e as exigências constantes da vida profissional, sinto que o tempo que tenho com os meus filhos é uma corrida contra o relógio. Passamos os dias a correr para alimentá-los, dar-lhes banho e prepará-los para o dia seguinte. É uma rotina exaustiva que mal nos deixa espaço para nos conectarmos verdadeiramente com eles.

Os melhores momentos que partilhamos muitas vezes são durante as férias ou as licenças de maternidade. São nesses momentos que conseguimos estar presentes para os nossos filhos de uma forma mais plena, sem a pressa do dia a dia. É nessas alturas, em que conseguimos olhar para eles conscientemente, com a mente no momento presente e não na lista infindável de coisas que temos para fazer. Lembro-me de, quando estava de licença de maternidade, completamente concentrada no Eduardo recém-nascido, conseguia arranjar ânimo e tempo para fazer atividades para as minhas filhas e ter sempre alguma surpresa em forma de atividade lúdica preparada para elas quando vinham da escola. Hoje em dia, quando olho para esses momentos, custa-me a acreditar que era mesmo eu.

É doloroso perceber o quão pouco tempo nos é dado para cuidarmos dos nossos filhos em Portugal. Sinto-me desolada com a forma como a sociedade parece valorizar mais o trabalho do que a família. É como se estivéssemos a criar crianças em série, em vez de estabelecermos laços reais com elas.

É muito importante encontrar um equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar. Porque, no fim do dia, são os momentos partilhados com os nossos filhos que enchem os nossos corações e moldam o seu futuro. Mais do que dinheiro, precisamos de tempo para sermos pais presentes, amorosos e dedicados. É tempo de redefinir o que significa ser bem-sucedido na parentalidade e investir no tempo que passamos com os nossos filhos.

O meu plano, por agora, passa por arranjar ajuda para fazer as tarefas mais demoradas da casa, o que implica também envolver os miúdos em algumas das tarefas domésticas. Talvez assim consiga ganhar algum tempo de qualidade para fazer algo mais do que as rotinas estritamente necessárias à sobrevivência.