Os meus filhos passaram um dia inteiro sem ecrãs
Foi um desafio. Essa é a verdade.
Os meus filhos adoram ver televisão, jogar na PlayStation e no tablet. Muitas vezes, é exatamente isso que fazem, especialmente quando estou ocupada com o trabalho, a cozinhar ou concentrada em outras tarefas.
No entanto, consciente dos malefícios do excesso de tempo em frente aos ecrãs, tomei uma decisão: organizei-me no sábado, despachei todas as obrigações e reservei o domingo para um “dia sem ecrãs”. Estava sozinha com os três, que têm idades muito próximas, e posso dizer que "esgotante" é uma descrição leve para o que foi o dia.
Os miúdos, felizmente, são bastante ativos e estão sempre a inventar atividades. O problema é que muitas dessas atividades acabam em confusão. Um exemplo? A Lara conseguiu rebentar um tubo de cola em cima de si!
Outra coisa que me deixa completamente desnorteada são as constantes brigas por motivos absolutamente insignificantes. Já percebi que faz parte da dinâmica entre irmãos, mas isso tira-me do sério mais do que qualquer outra coisa.
Então, o meu domingo foi passado entre gritos e ameaças de castigos a cada cinco minutos. Mas mantive-me firme. Não cedi e, surpreendentemente, eles nem pediram para ver televisão ou jogar.
Agora, as partes boas e engraçadas. As meninas passaram um bom tempo a discutir quem seria a professora do Eduardo, algo que faziam à vez. Ele, com grande dedicação e seriedade, fez exercícios de português e matemática.
Mais tarde, a Maria decidiu escrever uma peça de teatro para apresentarem ao pai quando ele chegasse de viagem. Criaram cenários, adereços e a Maria escreveu e encenou tudo. A Lara trouxe o lado humorístico e eu, claro, fiquei com o papel de narradora. Ensaiámos duas vezes e, à noite, apresentámos a peça ao Milton, assim que ele chegou.
Entre ensaios, eu e a Lara ainda fizemos um bolo, e os três foram-se entretendo entre o quintal, os brinquedos e os jogos de tabuleiro. Quando a tensão entre eles aumentava e as brigas ameaçavam recomeçar, separava-os por um tempo e fingia não ver quando, sorrateiramente, se aproximavam para voltarem a brincar juntos.
Foi um dia cansativo, sem dúvida, mas com um resultado extremamente positivo: no dia seguinte, continuaram sem pedir para ver televisão ou usar o tablet e estavam, curiosamente, muito mais calmos e menos propensos a brigar.
Com esta experiência, estou a ponderar reservar um dia do fim de semana para um “detox tecnológico”. Durante a semana já não há ecrãs, portanto o domingo seria o dia especial para ver filmes ou jogar um pouco.
Vamos ver como esta nova estratégia corre. Sei que, inevitavelmente, eles terão de usar a tecnologia e familiarizar-se com uma realidade cada vez mais presente. Mas gostaria que o fizessem de forma moderada, até porque os efeitos deste "vício digital" só serão completamente compreendidos no futuro.
Aqui em casa, tentamos que a moderação seja o nosso lema. E aí, como gerem estas questões? Sugestões e críticas construtivas são sempre bem-vindas!