Os meus filhos fartam-se de bater uns nos outros
Os meus filhos fartam-se de brigar.
E isso faz-me muita impressão, a mim, que sempre quis muito ter irmãos e nunca tive.
Quando era apenas a Lara e a Maria, elas brigavam, mas as situações nunca descambavam em muita violência. Eu fui bastante assertiva na primeira vez que a Lara bateu na Maria, tinha a lara uns 3 anos, e, durante muito tempo, a Lara não se atreveu a repetir a proeza.
Depois nasceu o Eduardo, com aquela força bruta e energia inesgotável, e tudo mudou.
Às vezes, tenho o Eduardo agarrado a uma perna, a Maria agarrada a outra perna, e os dois a darem murros um ao outro.
Já me habituei. Já não fico chocada. Às vezes, sem me conseguir controlar, até me dá para rir. Acho que normalizei a situação. Acho que deve ser mesmo assim. Deve fazer parte do crescimento.
Falo com eles. Explico que devem ser sempre amigos, que não se bate em ninguém, muito menos na família e nos amigos.
Depois desvalorizo um pouco.
Olho para eles, em casa, na rua ou quando vão para a escola e penso que não têm importância nenhuma aquelas murraças e pontapés "fraternos" que dão uns aos outros de vez em quando.
Eles estão sempre juntos. Na escola caminham sempre juntinhos e chegam a deixar-me para trás.
Quando vamos a um parque, dão as mãos uns aos outros e põem-se a correr e a brincar, juntos e felizes, a viver aquela infância que sempre desejei para mim.
Em casa põem-se todos debaixo da mesa da sala, encostados uns aos outros a explorar os mapas de tesouros que a Lara faz. Ou então vão para a cama dos pais, nas manhãs de fim de semana, "ler" os livros que trago da biblioteca.
E eu sei que está tudo certo.
Eles fartam-se de bater uns aos outros. Isto é o que me dizem as minhas emoções de mãe, que sentem que eles batem uns nos outros 100% das vezes mais do que deviam.
Mas, quando raciocino sobre isso, vejo que não, que eles estão bem e a brincar juntos a maior parte do tempo. Às vezes discutem fisicamente, principalmente os mais pequenos,mas é quase sempre porque se pisam ou dão encontrões em querer, precisamente por estarem sempre juntos, como se quer.