O Vento conhece o meu Nome - Mais um livro maravilhoso da Isabel Allende!
Hoje, recebi uma chamada de uma senhora do serviço de entregas de compras a informar-me que alguns dos produtos que tinha pedido estavam em falta. Atendi o telefone enquanto fungava.
Com mais de 80 anos, não é surpresa que Isabel Allende ainda tenha o poder de me fazer chorar copiosamente durante a leitura dos seus livros. Apesar de ter notado que me tornei mais emocional depois de ter filhos, e de chorar com mais facilidade, não costumo ser sensível a ponto de me emocionar com livros. Mas os livros de Isabel Allende são uma exceção: basta uma única frase para me levar às lágrimas, inevitavelmente. Como esta, por exemplo, sobre a despedida de uma mãe judia do seu filho de 5 anos durante a perseguição nazi, na tentativa desesperada de o salvar ao enviá-lo para um destino incerto (mas mais seguro):
"A imagem mais persistente do passado, que haveria de permanecer intacta na memória de Samuel Adler até à velhice, foi aquele último abraço desesperado e a sua mãe, banhada em lágrimas, amparada pelo braço firme do velho coronel Volker, acenando um lenço na estação enquanto o comboio se afastava. Nesse dia, a sua infância terminou."
O livro é incrivelmente humano, belo e significativo, transformando-me um pouco mais a cada página.
Para mim, não há nenhum autor que toque na essência da humanidade de forma tão profunda e sensível como Isabel Allende. Ela capta a beleza da humanidade, inclusive nas suas falhas, nas suas sombras e nos seus momentos mais desesperados. É como se ela conseguisse despir todas as camadas superficiais das pessoas, revelando a sua essência mais pura, aquilo que permanece quando tudo o resto desaparece. E é precisamente nesse ponto que as suas personagens encontram o propósito da vida – seja na infância, ou, como neste livro, aos 80 anos.
Sinceramente, nem sei que mais vos dizer. Apenas leiam este livro. É belíssimo. E leiam também os outros livros da autora, com calma e disposição. São verdadeiras obras de arte, que cumprem o seu propósito. Embora nos prendam, não são livros que apenas entretêm; eles transformam-nos.