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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 19.12.19

O que aprendi com a minha mãe

Até há muito poucos anos, mais ou menos até ser mãe, era muito crítica em relação à educação que tinha recebido.

Acreditava que deveria ter sido tudo diferente, que precisava de coisas que não tive, que tive coisas de que não precisava tanto, que deveria ter tido experiências diferentes e oportunidades diferentes. Pensava muito naquilo que poderia ter sido e pouco naquilo que, efetivamente, era. Julgo que somos todos um pouco assim, quanto mais não seja na adolescência.

Hoje, pelo que fui experienciando e aprendendo, sei que tudo aquilo que constituía a base dos meus queixumes deve ser visto de um ângulo diferente. A minha educação e as minhas experiências enquanto criança trouxeram-me até aqui. E isso é tudo o que importa.

Ora, eu gosto muito de estar aqui. Possivelmente também gostaria de estar em outro lado, se lá estivesse. Mas sei que gosto muito de estar onde estou, com as pessoas com quem estou e sobretudo, com a minha família e com a pessoa em que me tornei. Por isso, a educação que tive desencadeia na minha mente cada vez mais pensamentos positivos, que substituem os julgamentos antigos e "umbiguistas" que tinha antes.

Felizmente a minha mãe, que já não está fisicamente comigo, depois de anos e anos a ouvir os meus queixumes e lamurias, soube por mim que eu estava grata por muitas coisas que ela me tinha ensinado. Eu disse-lhe que, agora que era mãe, sabia que todas as mães (salvo raras exceções) amam os seus filhos e fazem o melhor que podem por eles. 

À luz do tempo e da experiência, tenho a clara noção de que a minha mãe me ensinou coisas que não só fazem de mim o que sou hoje, como fazem com que viva de uma forma muito mais divertida e interessante.

A minha mãe ensinou-me muitas coisas, mas a coisa mais importante que a minha mãe me ensinou foi a ser corajosa. 

A minha mãe ensinou-me a não me deixar dominar pelo medo e a lutar sempre por aquilo em que acreditava. A determinada altura (naquela idade parva em que achamos que sabemos tudo e não precisamos de ninguém) tornei-me um pouco arrogante e fiz exatamente tudo o que me apeteceu e meu deu na cabeça. Entendi que era independente e livre e que não devia prestar contas a ninguém.

Hoje compreendo que devo ter dado muitas dores de cabeça aos meus pais, o que lamento, mas aprendi muito naqueles anos, especialmente a não repetir tolices. Passei a fazer tolices diferentes, não as mesmas (tenho isso a meu favor). Entretanto a fase louca e menos interessante da coragem desapareceu pelo 30 anos e ficou uma coragem mais racional e madura.

Continuo a sentir medo mas escolho a forma como ele me vai influenciar. Se o medo estiver entre mim e algo em que acredito muito, peço com licença e passo ao lado dele, para executar o melhor que souber os meus propósitos, mesmo que o faça a tremer e a gaguejar.

Outras vezes, pego naquilo que o medo poderia fazer de mim e ignoro-o completamente. De tal forma que o que me poderia causar medo torna-se invisível aos meus olhos e deixa de ter influencia sobre mim. 

Outras vezes decido que preciso de mais qualquer coisa para dominar os pensamentos e reforço o yoga e a meditação. Há sempre uma solução para ultrapassar os nossos receios.

Graças à minha mãe nunca tive medo de mudar nem de enfrentar o desconhecido e desenvolvi um hábito que mantenho até hoje: se existe um receio entre mim e o meu objetivo, enfrento o medo ainda mais depressa para resolver a questão quanto antes. 

Se há coisa para a qual estou sempre pronta é para mudar e começar de novo. Todos os dias.



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