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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 18.11.21

O dia em que descobri a Filosofia como disciplina

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Tinha 14 anos e estava no 10º ano, na primeira aula de Filosofia.

Provavelmente a professora estaria a falar dos conteúdos que íamos dar durante o ano ou algo do género e eu fiquei logo extremamente surpreendida. Lembro-me perfeitamente de ter pensado: "A sério que é isto que vou estudar?! Pode ser mesmo real o facto da matéria escolar ser tudo o que povoa a minha mente desde que me lembro de existir?!"

Achei aquilo extraordinário! Nunca imaginei, ao longo do meu percurso escolar, que pudéssemos aprender uma coisa tão interessante na escola.

Sempre gostei de estudar. Fazia-o, em primeiro lugar, por não ter nada mais interessante para fazer. Mas, sempre gostei bastante de português e história. O resto... era o resto, e enquanto as hormonas não vieram desviar-me o foco, era uma boa aluna a todas as disciplinas (exceto educação física, claro está).

E, no 10º ano, ali estava eu, prestes a aprender mais sobre o que mais me interessava: o sentido da vida ou a ausência dele, a origem do conhecimento, as teorias múltiplas para o comportamento do homem, para a ética e até para a consciência. Que maravilha!

Ironicamente nunca tive bons professores de Filosofia. Tinha boas notas para quem não estudava uma matéria que não acreditava que se pudesse compreender decorando os pensamentos dos outros, mas sim refletindo de uma forma crítica sobre esses pensamentos.

Gostava das obras que tínhamos para ler e lia outras coisas por conta própria. 

Hoje ,vivo com a filosofia como vivia sem conhecer a disciplina. Todavia, aquele entusiasmo inicial ninguém me tira.

Acho que os professores que me calharam não foram os melhores... tive pena. Mais tarde, estive com a minha prima, que é hoje professora de Filosofia, na universidade dela e aí sim, a Filosofia respirava-se por todo lado. Tive algumas das conversas mais interessantes da minha vida nas poucas horas que ali passei, com estudantes que não conhecia de lado nenhum e com quem partilhava uma curiosidade imensa sobre isto que é existir.

Continuo na mesma, conversando como posso, com quem posso, sobre estes assuntos que "interessam a poucos". A maior parte das vezes converso com os mesmo de sempre: as vozes que vivem na minha cabeça.