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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

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Sab | 02.07.16

Li um romance de António Lobo Antunes e adorei!

Memória de Elefante, de António Lobo Antunes

 

Memória de Elefante, de António Lobo Antunes[/caption]Conheci o escritor António Lobo Antunes através das suas crónicas na Revista Visão, numa altura em que tinha a mania (e tempo) de ler a revista de uma ponta à outra. Verdade, lia mesmo tudo.

 

Adorei a escrita dele desde a primeira crónica e, naturalmente, ao saber que tinha vários livros editados experimentei ler.

 

Tentei várias vezes alguns romances e não passava das poucas dezenas de páginas. A escrita dele é algo a que chamo de "impressionismo literário". O que interessa não é a história em si mas a forma como é contada, as impressões que deixa, as sensações interiores dos personagens, as suas angústias, memórias e fantasmas.

 

É sem  dúvida, uma escrita brilhante e invulgar mas chega a ser cansativa de acompanhar. Por mais brilhante que seja, chegava ao fim de umas páginas cansada de sentir tanto a angústia e os sentimentos do personagem principal. Julgo que isso significa que o romance é mesmo bom e que cumpre bem o seu papel mas, às vezes, apetece-me ficar um pouco mais "de fora" da história, ser uma leitora que se limita a assistir à ação e não ser empurrada para dentro da mente e dos sentimentos intensos de um personagem.

 

Posso dizer que o que me faz gostar da escrita de António Lobo Antunes é também o que me faz não o conseguir ler durante muitas páginas. É por isso que gosto das crónicas, são mais curtas e, consequentemente, mais digeríveis.Já li o primeiro livro de crónicas do autor, do qual gostei imenso, e me fez pesquisar mais sobre ele e sobre a sua vida e obra. Mas foi esta entrevista feita pelo António Sala que me fez decidir a ler o primeiro romance de António Lobo Antunes: "Memória de Elefante".

 

Para minha grande surpresa li o livro em três ou quatro dias e fiquei maravilhada! Já nem sei dizer se prefiro mesmo as crónicas.

 

É certo que é um livro pequeno, com cerca de 150 páginas, mas o estilo é o que referi acima.A história, muito existencialista e claramente auto biográfica, relata 24 horas da vida de um psiquiatra depressivo e recém separado da mulher.

 

A forma como o médico deambula por Lisboa, como observa as pessoas à sua volta e como constrói pensamentos sobre elas e sobre si mesmo é descrita magnificamente.

 

Nunca encontrei nada semelhante num outro romance.Recomendo a todos os que gostam de um romance existencialista e de uma escrita difícil mas fenomenal.

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