Há sempre uma razão para tudo
Ou duas.
Passo a explicar.
Quando regressámos de férias encontrámos no correio 3 encomendas (presentes que tínhamos mandado vir para a Lara) e uma carta dos correios para levantar uma coisa.
Pensámos logo que seria mais uma das coisas que mandámos vir para a Lara. Aflitos por já terem passado tantos dias (a carta veio logo no primeiro dia em que estivemos ausentes de casa) fiquei com a carta para ir aos correio na hora de almoço.
E assim foi. Praticamente a correr, fui aos correios (que ainda ficam a uns bons 20 minutos a pé do meu local de trabalho) levantar a tal “prenda da Lara”.
Quando fui atendida a senhora diz-me que a carta estava em nome do Milton, por isso eu não a podia levantar.
“Hein?!!!!”
Depois daquela correria toda, para tentar levantar a encomenda a tempo, teria que fazer o caminho de volta de mãos vazias?
Foi isso mesmo que eu disse à senhora, com um ar cheio de aflição: “Mas eu vim de tão longe… E o meu namorado trabalha até tarde… E hoje é o último dia… E é uma prenda para a minha filha… Isso veio da China e demorou dois meses a chegar…”
A senhora: “Da china?! Oh minha rica menina (Tão querida a senhora a chama-me “rica menina”. Só por isso valeu a pena a corrida até ali.) isso veio da Lagoa, da Charib.”
Portanto aquilo era uma carta do condomínio registrada.
Uma carta do condomínio!!!!! Em nome do Milton.
Nem eu nem ele tínhamos olhado para o remetente. Assumimos que era uma encomenda para a Lara e pronto.
Combinei com a senhora que ela ia guardar a carta até ao dia seguinte e o Milton havia de lá ir de manhã.
Depois de tudo, vinha eu a caminhar de volta para o trabalho e a fazer um esforço para pensar que haveria uma razão qualquer para aquilo ter acontecido, nem que fosse fazer algum exercício físico durante a caminhada.
Pouco depois uma senhora, com um ar um pouco aflito (como eu provavelmente), pergunta-me onde fica uma morada. Eu não sabia mas fiquei ali com ela a procurar no Google maps a tal localização. Como não estava a ter muito sucesso, e me pareceu que a senhora estava com pressa e um bocadinho desorientada, fiquei ali com ela a perguntar a outras pessoas se sabiam onde ficava o sítio. Encontrámos um senhor que também não sabia e, pouco depois, aparece uma senhora a quem pergunto a direção que, de facto a conhecia. Fui embora e, ao olhar para trás, vejo que as duas senhoras iam a subir a rua juntas.
Fiquei feliz e descansada porque a senhora que me abordou, tinha um ar tão aflito que facilmente podia ser mal interpretada pelas pessoas que abordasse. Assim, sempre teve companhia em parte do caminho.
Fui andando toda contente e, uns metros à frente, vejo uma écharpe a cair da mala duma rapariga. Levanto-a e dou uma corridinha para a devolver. Era uma boa écharpe. Era macia e tinha um padrão bonito. Provavelmente ia ficar aborrecida se a perdesse.
Concluindo que a minha caminhada até aos correios já tinha tido razão de ser, decidi que o exercício físico não seria a razão principal portanto aproveitei para ir a uma loja ali perto e comprar uma canela quentinha que me consolei a comer na hora de almoço.
E foi isto.