Fui abordada por um senhor na piscina
Estava com os meus três filhos, dois nas espreguiçadeiras e um na toalha no chão. Todos estavam concentrados em livros de atividades.
Um senhor, de cerca de 60 anos, aproximou-se de nós e disse:
“Queria dar-lhe os parabéns! Fico muito feliz por ver que alguém ainda dá importância à educação.”
Sorri e agradeci, mas senti-me um pouco envergonhada, como costumo ficar sempre que recebo um elogio.
No início, nem percebi bem o que o senhor queria dizer, mas depois deduzi que devia estar a referir-se ao facto de os miúdos estarem todos envolvidos em “atividades escolares”.
A primeira coisa que senti foi a “síndrome do impostor”. Pensei logo que, se o senhor me conhecesse e visse as vezes em que sou pouco razoável, grito com os meus filhos, dou maus exemplos ou não tenho a paciência que queria ter para brincar com eles, ou as vezes em que estão a ver televisão ou a jogar Nintendo para eu poder socializar com amigos, certamente não me daria os parabéns.
Também pensei que foram os meus filhos que quiseram trazer os livros de atividades porque, de facto, eles gostam de fazer as atividades e divertem-se com elas.
Mas, depois, e apesar de tudo o que disse ser verdade, com a distância do tempo, e imaginando que estava a falar com uma amiga ou um familiar que tivesse os mesmos pensamentos perante um elogio, percebi que talvez devesse aceitar o elogio com mais gentileza para comigo mesma.
A nossa casa está cheia de livros de atividades, que vou comprando de vez em quando, procurando sempre os mais variados, divertidos e didáticos. Posso também pensar que, desde pequenos, sempre que saímos para restaurantes, levamos uma mochila com vários livros, lápis de cor e cartas de jogar para que se possam entreter à mesa sem recorrer a aparelhos eletrónicos (que, não vou mentir, também já usámos).
Por outro lado, pergunto-me se outros pais não fazem o mesmo e que isto não seja nada de especial. Pelo menos, talvez não deva ser, é apenas uma opção. Tem sido a nossa.
Posto isto, sinto-me muito agradecida ao senhor que veio falar comigo, por ter sido tão gentil e por se ter dado ao trabalho de me dirigir aquelas palavras que, apesar de terem levado algum tempo a processar, me fizeram refletir e aliviaram um pouco a culpa que sinto quase todos os dias. Fizeram-me sentir que, como todos nós, estou a fazer o melhor que posso, e que, às vezes, esse esforço é notado.
Um grande abraço a todas as mães que, todos os dias, fazem o melhor que podem.