Felicidade dos filhos: o que podemos fazer?
As escolhas dos pais têm relevância na felicidade dos filhos?
Se pudéssemos escolher a personalidade dos nossos filhos certamente que, entre todas as características que poderíamos desejar para eles, estariam a calma, serenidade, a capacidade de relativizar e agir com moderação e inteligência emocional.
Creio que todos concordamos que uma pessoa calma, ponderada e otimista tem mais hipóteses de ser feliz e bem sucedida do que uma pessoa que possua características inversas a estas.
Os nossos filhos têm uma personalidade própria que será pouco (ou nada) alterável ao longo da vida. No entanto, há qualquer coisa que podemos fazer por eles no sentido de lhes mostrar uma forma positiva e eficiente de reagir à vida e aos acontecimentos que não podemos controlar.
Nós podemos dar-lhes o exemplo. Está nas nossas mãos ser aquilo que queremos que eles sejam no futuro. Se queremos contribuir para a felicidade dos filhos, temos que fazer por ser pessoas felizes.
Com certeza já deram por vós a repetir atitudes que costumavam ver nos vossos pais. Atitudes boas e outras menos interessantes. Na verdade, até nas coisas que mais criticamos nos nossos pais, somos, muitas vezes, parecidos com eles. Isso é normal e seria pouco provável que não acontecesse.
Nós aprendemos tudo por imitação. Em crianças, absorvemos tudo o que vemos e, mais tarde, vamos repetir de forma instintiva esses comportamentos.
Claro que uma pessoa naturalmente calma e ponderada dificilmente perderá as estribeiras perante qualquer situação mais complexa.
Já uma pessoa impulsiva, que tenha sido criada num ambiente de stress e gritos, provavelmente será uma pessoa que reage a imprevistos de uma forma mais nervosa e zangada.
Ou não.
Podemos escolher controlar-nos.
Podemos escolher modificar o nosso comportamento.
Podemos escolher, de forma consciente, dar um bom exemplo aos nossos filhos.
Ainda no outro dia a Lara me disse que eu estava sempre zangada. Fiquei a pensar nisso e percebi que era verdade. Não que estivesse zangada mas, depois de passar mais de duas semanas com as duas miúdas, com a Maria numa fase muito desafiante, e com o cansaço e o stress de não conseguir fazer tudo o que gostaria, acabo por andar mais impaciente, por falar mais alto, por andar de cara fechada mais vezes.
Eu não quero que a minha filha me veja como uma pessoa que está zangada a toda a hora. Eu não quero, sobretudo, que as minhas filhas sejam pessoas zangadas e mal dispostas.
É por isso que não posso deixar que as minhas emoções se descontrolem sem eu dar por isso.
É muito importante estarmos verdadeiramente conscientes do que se passa na nossa cabeça e na cabeça dos nossos filhos. Não o conseguimos fazer sempre mas é importante faze-lo sempre que possível.
Se dou por mim a sentir-me zangada tenho que controlar-me e parar para pensar na melhor solução para o problema sem que, para isso, tenha que me apoquentar muito.
Fazer isso beneficia-me a mim e à minha saúde mais do que a qualquer outra pessoa. No entanto, foi depois de ser mãe que comecei mesmo a praticar isto. Foi depois de ser mãe que fiz um esforço maior e mais consciente para me tornar uma pessoa melhor e mais feliz.
Com este processo aprendi que pensar em mim e tratar de mim é essencial para ter condições de ser uma mãe melhor. E se formos mães melhores, contribuiremos mais para a felicidade dos nossos filhos.
É um desafio diário e constante mas é, sem dúvida, o mais compensador dos desafios.