Então Carla, agora que acabaste o curso, já sabes nadar ou quê?
A resposta não é curta, nem simples. Por isso, vou falar de vários aspetos deste curso e do que correu bem e menos bem.
O curso
Aspetos a melhorar
O curso tem demasiadas pessoas para o espaço disponível. Julgo que éramos 10 ou 12 e a piscina estava dividida em 3 partes: uma onde estavam a decorrer aulas de natação com crianças, outra com zonas individuais onde estavam as pessoas do nosso curso que já sabiam nadar, e outra onde estava eu e as outras pessoas que, efetivamente, tinham medo de nadar ou não sabiam nadar quase nada.
Eramos 7 nesta situação e o professor estava connosco mais tempo do que estava com os outros alunos que já sabiam nadar (o que é chato para eles).
O espaço onde estávamos era muito pequeno. Mesmo em exercícios simples era difícil não darmos cabeçadas e braçadas uns aos outros.
Enquanto uns faziam exercícios mais avançados, os outros ficavam parados, o que numa hora fazia com que passássemos demasiado tempo parados.
Alguns precisavam de muita ajuda do professor para fazer os exercícios e, havendo muitos assim, tornava-se impossível fazer muitos exercícios e praticar de modo a progredir qualquer coisa.
Julgo que este curso funcionaria muito melhor se fosse mais caro e tivesse menos pessoas. Mas, por restrições de espaço e para chegar a mais pessoas, calculo que não existisse forma de fazer diferente.
Aspetos positivos
O curso intensivo, na teoria, é uma boa ideia. Temos ali 8 horas, divididas por 15 dias de julho, onde é suposto aprendermos a estar no meio aquático sem medos e com algum “à vontade”.
O timing é bom, mesmo antes da época balnear, e a ideia de adaptação ao meio aquático também é excelente uma vez que, a maior parte das pessoas, tem mais medo de água do que pouco jeito para nadar.
Gostei muito do professor que deu o curso: era bastante empático, gerava confiança e segurança e tenho a certeza que tem muita vocação para isto. Tenho a certeza que não podia ser melhor. Se ele desse aulas particulares de natação, inscrevia-me já.
A minha experiência
Aspetos a melhorar
Controlar mais o meu receio e ter mais paciência.
No princípio fui bastante afoita a fazer os exercícios e acabei por me encontrar no meio da piscina, sem pé, e entrar em pânico. Queria fazer tudo e rapidamente, o que não é boa ideia.
Por algum motivo lembrei-me de olhar para o fundo da piscina e ficar com aquilo na cabeça. Daí resultou ficar em pânico durante exercícios que já tinha feito bem. Cheguei a uma fase em que me recusei a ir de prancha para a parte funda da piscina. Sempre que ia ficava cheia de medo, uma coisa irracional mesmo.
Dei por mim a querer desistir e ir embora.
Sinto que precisava de um professor só para mim, só para estar ali no meio da piscina a ver se eu precisava de ajuda. Até podia tentar fazer tudo sozinha, mas precisava daquela segurança. Ali, não era possível. Naturalmente.
Aspetos positivos
Apesar de, a determinada altura, sentir que tinha regredido um pouco e estava com mais receio do que antes de fazer alguns exercícios, falei com o professor e pedi-lhe para saltar na zona funda da piscina.
Senti que era isso que precisava de fazer. Precisava de fazer as pazes com o fundo da piscina.
E assim foi. Saltei e depois fui várias vezes até ao fundo da piscina pela escada. Fez-me toda a diferença estar de pés no chão a ver o fundo da piscina e conseguir bater os pés e emergir novamente. Creio que foi este exercício que me ajudou a perder o medo.
O professor ensinou-me a bater os pés como deve de ser para emergir e eu ganhei mais confiança. Quando os alunos mais avançados estavam a mergulhar para a parte funda da piscina e a nadar até à margem, eu quis muito experimentar. Pareceu-me muito divertido.
E mergulhei, e emergi e consegui ir sozinha até à margem. Fiquei muito feliz! Senti-me mesmo muito bem por mergulhar num sítio sem pé e conseguir nadar e ir até um local seguro. Era este um dos meus objetivos.
Resumo
Consegui ir a 5 aulas de 8 e o saldo é muito positivo. Valeu muito a pena fazer este curso.
É evidente que não perdi completamente o medo de água e não saí de lá a nadar com uma profissional (nem era esse o objetivo do curso) mas fiz coisas que nunca tinha feito na vida. Estive com os pés no chão numa piscina de 2,50 m e emergi sozinha, mergulhei e nadei num sítio sem pé. Até consegui estar em pé a flutuar na piscina durante breves momentos. Não foi muito tempo mas creio que o primeiro passo foi dado para conseguir fazer o que quero em pouco tempo.
Foi um investimento grande fazer este curso. Aquela hora na piscina obrigavam-me a usar quase 3 horas do meu dia (entre as viagens e o tempo da aula). Foi cansativo ir até à piscina depois de um dia de trabalho, a pé ou de autocarro e depois ir a correr para casa para tratar das minhas filhas. Fez-me falta este tempo com elas.
Mas foi muito importante para mim fazer isto. Senti medo várias vezes e encontrei forma de o enfrentar.
Senti-me muito bem dentro de água porque adoro água e quero mesmo muito sentir-me mais à vontade neste meio. Poucas coisas são tão relaxantes para mim como estar dentro de água.
O próximo passo é encontrar um professor particular ou aulas de natação num sítio e num horário que não mexa muito com a minha rotina diária.
Provavelmente o que vai acontecer é ir para uma piscina com a família toda e irmos todos fazer natação.