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Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Vinil e Purpurina

Parafernálias sobre a minha vida e a minha mente.

Qui | 06.02.25

Educar com valores: doar com consciência

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Ao longo dos meus 43 anos de vida, sempre tive a sorte de nunca me faltar o essencial. Nunca passei dificuldades em termos materiais e, acima de tudo, sempre tive comida na mesa. Contudo, desde pequena, aprendi um valor fundamental: a importância de não desperdiçar alimentos. Creio que isso se deve ao fato de ter sido criada pela minha avó, uma mulher simples e amorosa, que começou a trabalhar ainda criança, durante a ditadura, e que viveu de perto as dificuldades da escassez. Cresci com a consciência de que, enquanto nunca me faltou nada, há muitas pessoas que não têm o que comer. E é por isso que me incomoda profundamente ver comida boa sendo desperdiçada.

E tento passar este valor do "não desperdício" aos meus filhos.

Recentemente, após um almoço que provavelmente consistiu em sobras de outros dias, a Maria, com apenas 8 anos, me fez uma pergunta muito genuína: "Mãe, não podemos dar os restos de comida aos pobres?" A sua questão partiu de uma preocupação pura e direta, fruto do que sempre lhe ensinei: que não devemos desperdiçar nada.

Aproveitei a oportunidade para explicar-lhe que, embora aquele alimento fosse fruto das sobras, já não estava em condições de ser consumido. A comida já não estava fresca, e por isso não poderíamos dá-la a ninguém, pois acredito que não devemos oferecer a outra pessoa algo que não fosse bom para nós. Todos merecem o mesmo respeito e consideração.

Expliquei-lhe que podemos, sim, doar aquilo que já não usamos, mas sempre em boas condições: roupas que já não servem ou que não gostamos mais, brinquedos que já não utilizamos. No entanto, nunca devemos dar algo estragado ou que não tenha utilidade.

Claro que, ao longo da minha vida, não posso dizer que sempre fui impecável nas minhas doações. Algumas vezes, certamente, cometi erros. Mas, com o tempo, essas convicções foram se tornando mais firmes, e hoje faço questão de ensinar aos meus filhos da forma que acredito ser a mais humana e correta.