Eduardo, o indiscreto
Eduardo #49
Em casa, temos apenas uma televisão, que fica numa sala mais pequena, dedicada aos brinquedos, aos jogos de consola e ao visionamento de filmes e séries.
Basicamente, quando os miúdos querem ver televisão, decidimos em conjunto o que vão ver e eles ficam nessa sala, que está ao lado da sala de estar.
Sempre que começam a discordar de forma mais acesa sobre a programação ou tentam enganar-se uns aos outros, troco o que estavam a ver por algo escolhido por mim, normalmente algo mais lúdico ou consensual, como Garfield ou A Ovelha Choné.
Numa dessas ocasiões, eles tinham surripiado o comando do local onde o tinha guardado e estavam, muito caladinhos, a ver algo diferente do que eu tinha escolhido.
Quando entro na sala para lhes dizer qualquer coisa, vejo o Eduardo com uma expressão muito comprometida.
Discretamente, ele aproxima-se de mim, agarra-me no rosto com a mão e diz-me, veementemente: "Mãe, não olhes para aqui. Não olhes para aqui."
Bom... a verdade é que os deixei continuar a ver o que estavam a ver, pois pareciam ter chegado a um acordo entre eles e estavam, de facto, muito caladinhos e sossegados. Além disso, não estavam a ver nada de errado.
Vou encarar esta situação como uma lição forçada sobre diplomacia.