E então Carla, que tal está a correr isso com duas filhas pequenas?
É pá, muito bem! Para dizer a verdade mesmo como a sinto, acho que está a correr maravilhosamente.Tenho este feitio estranho de me preparar sempre para o pior, por isso nunca deixei de pesquisar e ouvir todas as histórias mais "duras" sobre ser mãe de duas crianças muito pequenas" (a Maria tem quase 3 semanas e a Lara 2 anos e 4 meses). No entanto, nas decisões de que faço parte, e nas coisas que desejo muito, tendo a ser bastante otimista e esperar sempre que corra tudo pelo melhor. E é assim que está a correr. :)Não vou dizer que isto se faz com "uma perna às costas" e que adoro dormir 3 a 4 horas por noite com intervalos de hora a hora para a Maria mamar. Ou que acho a maior das graças quando a Lara me dá uma bofetada porque não faço o que ela quer (E a rapariga está cá com uma força!) e se põe a gritar e a guinchar de uma forma estridente durante as birras.Existem dias (felizmente poucos) em que é mais difícil. Uma destas noites, a Maria acordou de hora a hora e a Lara acordou a chorar duas vezes, sendo que numa das vezes levantou-se mesmo e não queria mais dormir. Foi muito duro. Mas passou e não existem muitas noites destas.Depois desse dia, andei um bocadinho mais apreensiva (até comentei isso em alguns blogues) e com receio de me ir mais abaixo nas canetas se as noites passassem a ser todas em claro. Mas não aconteceu. A normalidade voltou rapidamente e o nosso estado mental de tranquilidade também.Uma coisa que sempre me fez confusão e chegou a irritar algumas vezes era quando me diziam (geralmente a geração dos nossos pais) que ia ter imenso trabalho com duas filhas, que a Lara ia fazer birras enormes, que eu nunca mais ia dormir, que não ia tomar banho e não ia ter tempo para coçar uma orelha. Resumindo, que a vida se ia tornar numa coisa esquisita e eu iria tornar-me a escrava de duas crianças. Discordei sempre destas conversas.Para já vejo a situação como uma situação de grande alegria e, acima de tudo, uma situação escolhida por mim e com grande planeamento. Fiz muitas contas e muitos planos A, B, C e D antes de decidir ter duas filhas. Logo depois de ter sido mãe da Lara, desejei muito mais um filho (eu e o meu namorado, evidentemente) por isso, quando pensava em ser mãe de duas, era sempre com um sentimento muito bom e muito feliz. Depois, quando me vinham falar apenas no trabalho e nas chatices que dava, ficava logo aborrecida. Mas porque é que as pessoas não dizem: "Vais adorar, vai ser uma alegria imensa! Vais ver que é mais simples do que parece! Dá mais trabalho, mas também tens mais experiência, e a alegria compensa qualquer coisa!"Curiosamente quem me dizia mais estas coisas, eram as pessoas da minha idade. Algumas com dois filhos também.Para quem pensa ter mais do que um filho, posso dizer que por cá tem sido muito bom! A Lara adaptou-se lindamente à irmã. Pergunta por ela, preocupa-se quando ela chora, vai levar-lhe o ursinho de peluche e põe-lhe a chucha na boca. Fala com ela, faz-lhe festinhas e dá-lhe beijinhos.Também diz para a pormos no carrinho para vir ela para o nosso colo, tem ciúmes e diz que o pai é dela e a mãe que tome conta da bebé, deita-se no nosso colo como se fosse um bebé... entre outras atitudes do género. Mas, no geral, está feliz por ter a irmã em casa e não teve nenhum comportamento estranho que durasse mais do que dois ou três dias.A Maria é muito cómica. Em princípio mama, dorme e suja fraldas mas também reclama bastante. Se a coisa não está ao jeito dela grita bem alto até, depois de fazermos mil e uma coisas diferentes (desde cantar, dançar, embalá-la de diversas formas, dar-lhe de mamar, vestir-lhe mais roupa, despi-la, colocá-la no tapete de atividades, colocá-la na cadeira de descanso, colocá-la em cima da cama, colocá-la na alcofa, novamente no tapete de atividades...) descobrirmos o que ela quer. Só aí é que volta a existir alguma tranquilidade sonora em casa. Sempre que está acordada quer estar no colo mas ainda faz muitas sestas grandes o que nos dá muita margem de manobra para fazer outras coisas.A Lara, que pedia a nossa presença constante, brinca cada vez mais sozinha. Claro que lhe damos toda a atenção que sempre demos (sempre somos dois por isso não há razão para não lhe darmos atenção) mas ela entretêm-se cada vez mais com os seus brinquedos e com o seu mundo, mostrando-se cada vez mais independente de nós.Eu aprendi a fazer muitas coisas ao mesmo tempo: dou de mamar à Maria e o jantar à Lara ao mesmo tempo (quando é sopa prefiro dar-lhe eu), entretenho a Lara e a Maria enquanto lavo a loiça ou costuro e vou arranjando sempre um tempo para escrever no blogue todos os dias, para ler e para ver uma série à noite. Isto para além de cozinhar, tratar da roupa, da casa e de tudo o que é preciso. Como qualquer pessoa normal.Não é fácil, nem difícil, é apenas diferente.Ajuda muito a experiência que já temos como pais. Já não entramos em pânico com qualquer coisa, já não nos preocupamos tanto com coisas desnecessárias, já não andamos tão "em cima" das crianças. Neste aspeto, é mais fácil tomar conta de duas do que só de uma. Simplesmente, estamos mais seguros e sabemos (ou julgamos saber) o que fazer. E, estar tranquilo, é meio caminho andado para o dia correr bem e ser produtivo. Uma pessoa cheia de nervos não faz nada de jeito. Eu que o diga.Uma coisa que me deu muita coragem foi pensar em todas as mães que têm gémeos, que têm três ou quatro filhos, aquelas que têm, como eu, duas crianças pequenas mas são mães a tempo inteiro, dão-lhes aulas em casa e passam o dia todo sozinhas com elas... Penso nisso e vejo como a minha vida é simples e descomplicada. E tudo corre bem.[caption id="attachment_4306" align="aligncenter" width="680"] Sempre que faz sol, pegamos em nós e vamos até uma esplanada na praia.[/caption]